Os acontecimentos mais banais do cotidiano ganham ares de festa quando compartilhados. Um café da manhã em boa companhia, um almoço com a família, um jantar com amigos, um café na livraria com aquele tio que mora longe e você só vê uma vez por ano, uma conversa noite adentro com aquela amiga especial que mora do outro lado do oceano e aparece de dois em dois anos. Uma simples visita a parentes que moram próximos mas que o comodismo faz com que fiquem para lá e nós para cá pode ser revigorante. Ontem fui à casa de um tio que completou 92 anos. Não escuta quase nada, não se lembra muito bem de mim. Repeti meu nome bem alto umas três vezes e ele entendeu que era “Ronalda”. Me contaram que seu sobrinho chama-se Lucas e ele entendeu “Expedito”. A teimosia em não utilizar um aparelho que permita que a audição melhore rendeu boas risadas. Melhor ainda foi comer um doce que não conhecia, um tal de aletria. Feito com massa de macarrão bem fininha, uma mistureba que engorda só de olhar, café de garrafa que raramente tem aqui em casa, broa, um monte de casos que mineiro adora contar, ver as fotos dos primos quando pequenos espalhados pela casa, foi uma viagem no tempo. Preciso agendar umas visitas, perder essa mania de ficar plantada em casa e dar um rolé por aí!
Nota do Editor: Sayonara Lino é jornalista, com especialização em Estudos Literários pela Universidade Federal de Juiz de Fora e atualmente finaliza nova especialização em Televisão, Cinema e Mídias Digitais, pela mesma instituição. É colunista do Literário e também do Sorocult.com.
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