Não consigo mais sair dessa bagunça em que me instalei. Por mais que tente ser totalmente organizada, os afazeres são tantos, o tempo é escasso e passa tão rápido, os dias confundem-se e mal acabei de dar conta de tudo, estou novamente no ritmo. Melhor que uma vida parada, sem obrigações ou metas a cumprir, não suportaria, o tédio consumiria até meu ossos. Estou tentando colocar o pé no freio para atingir o equilíbrio necessário e contornar as situações, mas haja fôlego. Quanto mais entro no ritmo, mais acostumada fico e vou no automático. Ainda tenho esperanças de ir para um lugar bem pacato, sem correria, sem trânsito caótico, sem amolação (utopia!). Com responsabilidades mas sem excessos. Ontem encontrei um conhecido que estava sumido. Disse que passou em um concurso público em Paraty, RJ. Resolveu a vida, imagine, morar em Paraty deve ser o supra-sumo do bem-estar! Belas paisagens, menos pessoas que aqui (muito menos), ainda tem a Festa Internacional do Livro e outros eventos interessantíssimos... um sonho mesmo! Sonhar é de graça, não me acordem! Estou prometendo mudar faz tempo, ainda não tive oportunidade. Já morei em cidade grande, mas não dou conta mesmo. Onde moro ainda é relativamente tranquilo, mas já está começando a dar sinais de desenvolvimento e suas consequências boas e más. Desembaraçar os problemas domésticos, enfrentar filas de banco, supermercados lotados, não conseguir emprego fixo e viver esgotada está ficando repetitivo. Qualquer hora eu escrevo um texto alegre, com ares de renovação, serei freelancer na praia, e de tão verossímil vocês sentirão a leveza de quem está muito feliz, passando filtro solar e tomando uma limonada suíça, aquela mesma que aprendi a fazer com os limões que a vida me ofereceu.
Nota do Editor: Sayonara Lino é jornalista, com especialização em Estudos Literários pela Universidade Federal de Juiz de Fora e atualmente finaliza nova especialização em Televisão, Cinema e Mídias Digitais, pela mesma instituição. É colunista do Literário e também do Sorocult.com.
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