Como você se defende dos lobos? Será que são reais? Oferecem perigo de fato? Ou serão apenas fruto de sua imaginação? Se um lobo aparecesse agora em sua frente, como você reagiria? Fugiria ou o enfrentaria?

São tantos os lobos quanto nossa imaginação alcançar. Os lobos, nossos medos, surgem explicitamente ou fantasiados. Medo do escuro, de altura, de lugares fechados, de insetos, de animais, de pessoas, de lugares públicos vazios ou tumultuados, de ficar só, de se relacionar, de mudar, de ser feliz, de viver em paz. Se eu continuar vou fazer uma lista longa, então melhor parar por aqui. Estou com medo de continuar.

Alimento para o medo não falta. A mídia e o noticiário “mundo cão” estão aí, nos colocando cara a cara com a dura e cruel realidade. É difícil viver tranquilo com tanta desgraça ao redor, mas a vida não é apenas isso. É preciso ter cautela sim, que não prejudica ninguém, mas viver com medo não resolve e é um sentimento paralisante. Ficamos estáticos, aterrorizados com possíveis fatalidades que não temos como ter certeza de que irão se realizar e deixamos os dias correrem, nos esquivando, nos protegendo, sem saber ao certo quais riscos corremos.

Eu não consigo banalizar a violência, não acho normal as atrocidades, os devaneios, o descaso, a estupidez, a arrogância, a frieza, o abandono, o egoísmo, a perversidade. Mas me recuso a viver presa dentro de casa, a desconfiar de tudo e de todos, a pensar que todo mundo vai me sacanear, que o amor é uma grande utopia e que ninguém mais ajuda ninguém. Ajuda sim. Gente de bem ainda não está em extinção.

Calcule os riscos, não se exponha desnecessariamente, proteja a si e aos outros, tenha limites. Mas viva a vida, não permaneça no casulo, dê uma volta e lembre-se que nem todos os lobos são palpáveis. Muitos estão passeando por aí, apenas no território de sua mente.