Imagens soltas no tempo. Eu, ainda bebê com meus irmãos em um bairro próximo de onde hoje moro. Uma rua onde havia poucas casas, a nossa bem antiga, os vizinhos se conheciam, havia um certo sossego, pouco movimento. Tempos depois eu já havia crescido um pouquinho, andava de um lado pro outro, todo mundo atrás de mim, e eu feito um foguete. Anos mais tarde mudamos para um apartamento em uma rua próxima, aprendi a andar de bicicleta com uns nove anos, meio tarde. Levei muitos tombos, mas não quebrei a cara. A época ainda não havia chegado. A rua estava sempre lotada de crianças que viviam em seus universos particulares, felizes, estudava no mesmo colégio onde minhas amigas estudavam, colecionava figurinhas, completava álbuns e achava que a vida ganhava um novo sentido toda vez que trocava um papel de carta com as meninas do bairro. Os anos passaram, eu cresci, a vida ainda era boa mas o encanto havia desaparecido. A adolescência veio cheia de sobressaltos, como é de costume. Um turbilhão de hormônios e emoções misturadas, uma pressa em viver, hoje penso que até demais. A maturidade veio tarde, mas chegou a tempo de me laçar. Eu precisava mesmo de um norte, algo concreto, um porto seguro. Crescer e assumir responsabilidades não é fácil, mas quando conseguimos nos superar e dar conta do recado é gratificante. Eu não fujo de mais nada, encaro tudo, esse dead line que determina todos os meus passos, me salva do marasmo e confere cor a cada dia que passa.
Nota do Editor: Sayonara Lino é jornalista, com especialização em Estudos Literários pela Universidade Federal de Juiz de Fora e atualmente finaliza nova especialização em Televisão, Cinema e Mídias Digitais, pela mesma instituição. É colunista do Literário e também do Sorocult.com.
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