Não quero mais pensar que contei uma “meia verdade” para que alguém compreendesse uma situação muito complexa. Desenhar não seria viável, então uma parte do todo deve ter ajudado. Captar a subjetividade não é para todos, alguns enxergam somente o que está escancarado, nada de códigos ou mensagens subliminares. O jeito é improvisar. Não quero imaginar que precauções possam ser vistas como insanidade, que as aberturas podem transformar-se em desrespeito, nem que meu castelo de areia poderá ser desestruturado por pequenas ondas. Repetir o que disse, jamais. Nem ensaiei, saiu a esmo. Se ao menos tivesse aliviado, mas não fez diferença. Soou estranho e o eco persiste. Palavras não voltam, tarde demais. Eu que me esforço tanto para compreender, de vez em quando sou mal interpretada. Quero um dia inteirinho de entendimento alheio, onde tudo o que eu proferir soará bem, entrará nos ouvidos de meus interlocutores e não sairá pelo outro. Desejo escapar incólume dessa babel contemporânea.
Nota do Editor: Sayonara Lino é jornalista, com especialização em Estudos Literários pela Universidade Federal de Juiz de Fora e atualmente finaliza nova especialização em Televisão, Cinema e Mídias Digitais, pela mesma instituição. É colunista do Literário e também do Sorocult.com.
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