Sentimentos reprimidos para garantir a sobrevivência. Mecanismos de defesa e capas compensatórias para amenizar o golpe. Fiz isso durante muito tempo e não sei se um dia sofrerei os danos causados por tamanha indiferença forçada. Não havia o que fazer. Rendida pela impotência, neguei os fatos. Hoje percebo que a fuga foi em vão. Lentamente, retiro véu dos acontecimentos e tremo um pouco diante de tanto acúmulo. Restou o trauma, uma lesão intensa, uma dor inexplicável, um nó em minha mente. Com o passar do tempo, virei sobrevivente. Adversidades não faltaram, angústias fizeram companhia, dores partiram em pedaços. Fragmentação e desgaste. Passou, ganhei uma nova chance, fiquem bem a ponto de perdoar. Procuro pensar apenas que fiquei mais forte depois de enfrentar todas as barras. Eu, sentimentalóide incorrigível, levei muita pedrada, encontrei um caminho e não quero olhar para trás.
Nota do Editor: Sayonara Lino é jornalista, com especialização em Estudos Literários pela Universidade Federal de Juiz de Fora e atualmente finaliza nova especialização em Televisão, Cinema e Mídias Digitais, pela mesma instituição. É colunista do Literário e também do Sorocult.com.
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