Aprecio as coisas simples da vida e extraio um grande prazer de tudo o que me é oferecido. Hoje em dia sou uma pessoa mais pacata, caseira e contemplativa. Já fui muito mais agitada, viajei para alguns lugares que quis, precisava de muito estímulo para sentir que estava vivendo, aproveitando. Se ficasse em casa em um sábado à noite entrava em pânico, se não viajasse para a praia nas férias considerava isso um castigo, se não estivesse rodeada de pessoas sentia um vazio atroz. Mudei muito e prefiro a versão atual. A idade contribuiu mas fiz um esforço, dei um empurrãozinho. Sinto um pouco de falta de meu lado nômade, mas o sedentarismo que me faz permanecer em um lugar e realizar determinadas tarefas tem sido providencial. Qualquer dia pego a estrada para dar uma arejada, mas enquanto isso vou curtindo meu quarto, minha rua, as poucas pessoas com as quais convivo, os livros que leio, os filmes que assisto, o chá de hortelã, o café com leite. É bom apreciar e perceber a importância dessas pequenas coisas. Pode parecer comodismo sentir-se em paz com o temos, já que estamos inseridos na cultura do sempre querer e achar que precisamos de mais. Eu necessito do essencial, do que me aquece, me alimenta e confere sentido à minha existência. Se conquistar mais, ótimo. Caso contrário, continuarei em minha rua, fazendo compras no mesmo supermercado, observando a mesma paisagem, com um novo olhar a cada dia.
Nota do Editor: Sayonara Lino é jornalista, com especialização em Estudos Literários pela Universidade Federal de Juiz de Fora e atualmente finaliza nova especialização em Televisão, Cinema e Mídias Digitais, pela mesma instituição. É colunista do Literário e também do Sorocult.com.
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