Nem sempre a vida é do jeito que gostaríamos, e muitas vezes as situações são opostas ao que desejamos. Como sou mulher e convivo com tantas outras, em alguns momentos percebo a insatisfação, um vazio existencial, uma angústia geradora de reflexões, que bem direcionada pode culminar em desenvolvimento e amadurecimento, mas se mal administrada produz um sentimento de inadequação, desejo de abandonar tudo, mudar radicalmente, mesmo que existam pessoas envolvidas em sua trajetórias, como filhos pequenos e outros componentes ligados à responsabilidade. É preciso reinventar-se, adaptar-se sempre que necessário, buscar outras propostas, alternativas, soluções para que as obrigações e as adversidades não corroam o íntimo. A trivialidade, a rotina, a falta de perspectiva representam a morte lenta, a conta gotas, talvez mais cruel que um solavanco fatal. Alguns tipos de personalidade resistem a isso e até apreciam. Mas mulheres questionadoras, reativas e inconformadas perdem o sossego por conta dessa linearidade embaçada. Definitivamente, uma existência prosaica não é para todas. Mulheres intensas precisam de alimento para a alma, algo grandioso que as chacoalhe e as liberte da monotonia, do tédio das horas que não cessam, da inexorável ação do tempo que as devora.
Nota do Editor: Sayonara Lino é jornalista, com especialização em Estudos Literários pela Universidade Federal de Juiz de Fora e atualmente finaliza nova especialização em Televisão, Cinema e Mídias Digitais, pela mesma instituição. É colunista do Literário e também do Sorocult.com.
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