Essa mania de ser aberta, verdadeira, desnuda. Se o outro corresponde, em meia hora de papo fico íntima e despejo minha vida pessoal, frase que acabo de pegar emprestada. Primeiro encontro com um pretendente e eu lá, falando pelos cotovelos, rindo à toa... fico impressionada com minha espontaneidade. O que fazer para conter as palavras? Só colocando um blecaute na mente e uma trava na língua. Sem chance, antes desnuda com moderação do que encapada, abarrotada de máscaras. Não sou assim. O enfeite que decorava o prato era uma cenoura em forma de flor e eu jurei que fosse o tal “tomate pelado” que estava na composição do delicioso crepe. Na hora de ir ao banheiro sem querer invadi a cozinha. O pior são as crises de riso que só eu entendo quando penso uma coisa, embolo e falo outra. Ainda bem que ele tinha um senso de humor tão aguçado quanto o meu e passamos a noite rindo dos pequenos incidentes. O que posso fazer? Não consigo fingir, sábado à noite estou sempre desconfigurada, mas ainda consegui chegar inteirinha para dar conta de bater um ótimo papo e, quem sabe? Se não acontecer algo mais romântico, talvez tenha sido o começo de uma boa amizade.
Nota do Editor: Sayonara Lino é jornalista, com especialização em Estudos Literários pela Universidade Federal de Juiz de Fora e atualmente finaliza nova especialização em Televisão, Cinema e Mídias Digitais, pela mesma instituição. É colunista do Literário e também do Sorocult.com.
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