Encontrei uma amiga que vejo muito pouco e paramos para papear. Na pauta, relacionamento afetivo. Ela questionava o desaparecimento súbito de um namorado recente. Bem recente, duas ou três semanas, ela não sabia ao certo. A história é conhecida: o cara fica de ligar no fim de semana e desaparece. Você formula pelo menos trinta hipóteses, remói, quanto mais deseja não pensar a respeito, mais pensa. Está com outra, eu escrevi “pobrema” sem querer outro dia no e-mail, vai ver ele teve uma desilusão ortográfico amorosa. Será que me achou muito magra ou caída, nova demais, inculta, imatura, um suor inconveniente incomodou seu olfato? A lista é longa. Se fosse para desenvolver uma tese de doutorado você não teria tantas idéias, aposto. Na segunda parte, depois que resolve pensar em um culpado que não seja nem uma terceira pessoa, nem você, surgem as neuras em relação a causas externas: atropelamento, sequestro, abdução, crise existencial, crise de identidade, cheque especial, dívidas com o cartão de crédito, problema com o filho, com a mãe, com a ex, com o chefe, com a polícia, com o joanete. Não existe uma resposta objetiva, tudo pode acontecer. Tem homem que está com sinusite mesmo, desmaiou, foi para o hospital, outros estão amargurados, sem vontade de ver a própria face no espelho, menos ainda de sair para um encontro romântico. É claro que isso existe. E é obvio que existem também, aqueles que deixam as gurias no famoso banho-maria, e os que simplesmente não tem coragem para dizer que não estão a fim e ponto final. Sou a favor da sinceridade, quando não estou interessada aviso com delicadeza, não enrolo. Ainda acho os homens mais complicados, e sei que eles pensam o mesmo das mulheres. Independente de gênero, em pleno séc. XXI, onde a comunicação é uma aliada, mandar um recado é muito simples e nos poupa de ficar apaixonadas por uma miragem.
Nota do Editor: Sayonara Lino é jornalista, com especialização em Estudos Literários pela Universidade Federal de Juiz de Fora e atualmente finaliza nova especialização em Televisão, Cinema e Mídias Digitais, pela mesma instituição. É colunista do Literário e também do Sorocult.com.
|