Ao contrário do que parece, as idéias sobre desenvolvimento sustentável não surgiram no século XXI. O tema já havia sido abordado no Relatório Brundtland, elaborado pela Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento e publicado em 1987, antes mesmo da Agenda 21, criada cinco anos depois. O documento previa que atitudes responsáveis seriam essenciais para fazer valer a sustentabilidade, que consiste em “desenvolvimento que satisfaça as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades”. É vidente que o mundo precisa de ações socioambientais corretas para se manter e as gerações futuras não sofrerem com mais degradação e escassez dos recursos naturais. Apesar disto, os projetos relativos à sustentabilidade começaram a se fortificar há poucos anos. Esta preocupação tornou-se sinônimo de empresa moderna, socialmente responsável e consciente. Entretanto, mesmo com esforços de algumas poucas companhias privadas em incluir esse novo conceito ao seu perfil organizacional e da conscientização da população quanto à importância da reciclagem e do consumo de produtos ecologicamente corretos, ainda há grandes falhas neste sistema. Uma dessas lacunas é a inexistência de ações dos órgãos públicos para a coleta de lixo eletrônico, como celulares, baterias e pilhas. Mesmo sendo imprescindível o descarte correto desses produtos, não há projeto algum. As empresas e entidades que querem contribuir para a expansão de atitudes sustentáveis têm de arcar com todos os custos que as envolvem, e que não são poucos. A grande maioria delas não tem condições financeiras de manter tais gastos, em especial nesta época de crise. Nenhuma delas investirá em algo de tamanho porte, tendo a preocupação principal em manter primeiro seu quadro de funcionários. Programas de responsabilidade socioambiental deveriam ser apoiados pelo governo, disponibilizando o aparato necessário para que a sustentabilidade de fato começasse a existir e não comprometesse as necessidades das gerações futuras. Porém, infelizmente não é isso que percebemos ao tentar propagar na sociedade ações responsáveis. Mesmo sem apoio público, há empresas que desenvolveram postos de coletas, em sua maioria para recolher apenas os próprios produtos. É lamentável que não haja uma parceria público-privada ou até mesmo empenho maior das empresas para que os pontos de arrecadação de lixo eletrônico aumentem. Se a falta de cooperação prevalecer em questões tão importantes, como a propalada sustentabilidade, este conceito permanecerá abstrato e sem resultados concretos. Nota do Editor: Carlos Reis é presidente do Sindicato dos Eletricitários de São Paulo.
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