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COLUNISTA
Sayonara Lino
20/02/2009 - 17h34
Vide bula
 
 

Relacionamento humano é uma maravilha, um carnaval, com direito a confete e purpurina. Quando dá certo, quando o diálogo é possível, quando os envolvidos fazem um mega esforço para respeitar as diferenças. Caso contrário, rogo, imploro aos responsáveis pelo envio de indivíduos ao mundo: mandem um manual na próxima remessa, vejam se o lote está em perfeito estado, chamem uma equipe multidisciplinar em saúde mental porque está dando uma trabalheira danada tentar decodificar. Tenho que insistir no tema pois a quantidade de neuróticos, psicóticos - além dos que são apenas mimados e torram a paciência - por metro quadrado está chamando minha atenção. A minha e a de todas as pessoas preocupadas e envolvidas em situações anormais.

Eu que escrevo diariamente e uso conexão discada fui acusada de boicotar a comunicação aqui em minha residência entre dois membros de minha família. E quem fez a tal acusação sempre foi uma pessoa equilibrada, sensata, com selo de qualidade garantida, enfim, aprovadíssimo em todas as instâncias. É assim mesmo que funciona em certos casos: o sujeito passa a vida tentando manter uma conduta ilibada, aí muda para uma megalópole, arranja vários compromissos, vira um ser multitarefa e arranha a imagem que tanto preza por causa de qualquer bobagem.

Uma conhecida jogava pratos na parede. Prato feito, com direito a legumes e verduras. Ira incontida, nada ajeitava. Frustração é o epicentro das tragédias pessoais.

Uma amiga que eu adoro – ela vai ficar fula da vida comigo – andou com um certo mau humor e tem um vizinho musicalmente eclético. O que ela fez quando o humor alterado não conseguiu andar de mãos dadas com a Banda Calypso, Cláudia Leite e o grupo ABBA? Claro, foi direto na fonte. Desligou a luz do rapazinho.

Eu mesma tive uma fase difícil, de stress prolongado, em que não me suportava. Não entrarei em detalhes, quem viu, viu, passou. Por sorte tenho uma tendência gigantesca a procurar ajuda especializada, caso contrário não estaria juntando consoante com vogal. Não vale a pena ficar de mal com o mundo.

A vida está difícil, percebe-se. Mas se houve como entrar em determinadas situações, há de haver saída. É só não se deixar dominar pela correnteza de loucuras que está angariando adeptos e buscar um foco. Se nada disso ajudar, peça seu manual. Vide o verso, vide bula, haja paciência para tanta confusão à espreita.


Nota do Editor: Sayonara Lino é jornalista, com especialização em Estudos Literários pela Universidade Federal de Juiz de Fora e atualmente finaliza nova especialização em Televisão, Cinema e Mídias Digitais, pela mesma instituição. É colunista do Literário e também do Sorocult.com.
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