Partiu. Com suas lentas idas e vindas, porém marcantes, decidiu buscar águas mais profundas. Foi forte nas intempéries, resistente em sua luta cotidiana, doce a cada instante, corajosa quando olhou ao redor e notou que estava só. Prosseguiu seguindo o curso das horas. Acompanhou um breve período de minha existência. Chegou antes da menina e sorriu ao vê-la. Bela, alegre e constante. Gostava de observá-la antes de sair e ao retornar para casa. Nos últimos dias, parecia cansada. Reduziu seu ritmo, gradativamente. O vigor não era o mesmo de outrora. Pensei, cá comigo, que talvez estivesse de malas prontas. Não deu outra. Seu corpo caiu, não suportou. Ao despedir-me, refleti a respeito da impermanência. Satisfeita por aprender uma lição, agradeci o presente que havia recebido. Ela não está mais aqui. Quem estará?
Nota do Editor: Sayonara Lino é jornalista, com especialização em Estudos Literários pela Universidade Federal de Juiz de Fora e atualmente finaliza nova especialização em Televisão, Cinema e Mídias Digitais, pela mesma instituição. É colunista do Literário e também do Sorocult.com.
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