Hoje, fez diferença acordar e receber um gostoso abraço de uma criança que sorria. Fez uma diferença enorme ir à rua e saber que meu vizinho, antes internado, está de volta, cometendo os mesmos deslizes que o levaram a adoecer, mas está aqui pertinho. Isso é importante para mim. Hoje, foi gostoso ir à casa de uma amiga que não visitava havia tempo e ver que tudo está bem. Foi bom transmitir simpatia através de breves sorridos às pessoas que me atenderam nas lojas onde estive e comprei apenas o essencial, para não sacrificar o bolso e a alma. Foi gratificante absorver os raros raios de sol que andam fugindo de mim, eu que ando meio marfim, meio sem tom. A alma ainda é colorida. A leveza da freira, com seu hábito azul e seus breves passos em direção à igreja resgataram em mim o desejo de fazer uma prece. Entrei na costumeira livraria onde todos são sempre muito educados, pedi café e água, segurei com firmeza um livro de orações e rezei em silêncio. Hoje, chorei ao ler o que uma amiga de muitos anos, com quem tive pouco convívio, escreveu para mim. Palavras tão bonitas e sinceras... Poucas pessoas fizeram isso até hoje. Tenho 31 anos. Hoje, agradeci por ver borboletas, que para mim simbolizam sorte e prosperidade. Hoje, percebi em pequenas fatias do cotidiano, a sincronicidade presente a todo momento.
Nota do Editor: Sayonara Lino é jornalista, com especialização em Estudos Literários pela Universidade Federal de Juiz de Fora e atualmente finaliza nova especialização em Televisão, Cinema e Mídias Digitais, pela mesma instituição. É colunista do Literário e também do Sorocult.com.
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