Se dinheiro não traz felicidade genuína, a falta dele agrava inúmeras situações. Tem gente nadando em cédulas e moedas e reclamando da sorte. É óbvio que apenas bens materiais não bastam para determinar o estado de espírito de um indivíduo para melhor. Só que não aguento mais ver gente abastada chorando na cama, que é lugar quente. Em um mundo onde a desigualdade é de lascar e tem gente latindo no quintal para economizar cachorro, os que tem grana sobrando poderiam reclamar menos, mesmo que estejam apinhados de problemas e dar uma olhadinha ao redor, abandonar um pouquinho que seja a avareza e fazer doações a instituições sérias, escolher uma criatura e amenizar seu sofrimento material, compartilhar. Atitude salutar que, na verdade, traz largos benefícios a quem está estendendo a mão. Quem passa pela vida apenas acumulando, pensando somente em suas necessidades e esquecendo-se dos outros, acaba sentindo um vazio profundo, fruto do egoísmo que acaba afastando a alegria real, que é cultivada internamente, com generosidade, desprendimento e silêncio ao bem que se faz. Não estou desqualificando as dificuldades que todos passam, sejam ricos, assalariados, paupérrimos, famintos. Mas sofrer tomando “chandon” à beira da piscina e andando de carro blindado é bem mais confortável do que dentro de um ônibus lotado, chegando ao trabalho suado, depois de ter deixado os três filhos com a vizinha, segurando a quentinha debaixo da axila.
Nota do Editor: Sayonara Lino é jornalista, com especialização em Estudos Literários pela Universidade Federal de Juiz de Fora e atualmente finaliza nova especialização em Televisão, Cinema e Mídias Digitais, pela mesma instituição. É colunista do Literário e também do Sorocult.com.
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