“Até a água quando fica parada estraga”. Lembro-me perfeitamente do dia em que ouvi esta frase de um psicanalista com quem fazia tratamento na época. Lá se vão uns bons anos. Eu jurava que estava com depressão, mas na verdade, naquele momento, meu problema era falta de iniciativa, de tomar uma atitude concreta, uma dificuldade em direcionar minha vida. Medo de crescer, de enfrentar o mundo e suas adversidades, desafios, perdas e ganhos. Encarar a realidade e sair da zona de conforto. Paralisia emocional. Ainda tenho minhas inquietações, continuo redefinindo posturas, mas hoje sou muito ativa, sei o que quero e luto muito para alcançar meus objetivos. Pés no chão, um dia de cada vez e a eterna luta para equilibrar razão e emoção. Observo muitas pessoas que me procuram para desabafar e sinto que existe bastante gente perdida, algumas colocando-se como vítimas das circunstâncias, outras com medo de conquistar seu espaço e tudo isso me faz questionar a causa dessas questões. Superproteção dos pais em alguns casos, desequilíbrios familiares, traços de personalidade do próprio indivíduo, entre outros. E como “fermento”, existe um sentimento chamado egoísmo, que é paralisante. Tornamo-nos excessivamente autocentrados, não ajudamos alguém, voltamo-nos apenas para nossos problemas, que nem sempre são tão grandes assim e, dessa forma, podemos ficar depressivos de fato, acorrentados por nós mesmos, pela incapacidade de realizarmos algo, seja a nosso favor, seja a favor dos outros.
Nota do Editor: Sayonara Lino é jornalista, com especialização em Estudos Literários pela Universidade Federal de Juiz de Fora e atualmente finaliza nova especialização em Televisão, Cinema e Mídias Digitais, pela mesma instituição. É colunista do Literário e também do Sorocult.com.
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