Sonhei com os que não sonhavam por si mesmos, sonhavam sonhos alheios, emprestados e até roubados. Dançavam agitados, um ritmo acelerado; alguns flutuavam. Melhor não pensar. Viver com profundidade dá trabalho. Vi uns outros, ou melhor, outras, um tanto esticadas, aprumadas. O corpo de beleza inquestionável, o verniz necessário, um convite para o nada. Disputas por pequenos espaços, um metro quadrado. Uns desajustados, outros muitos fúteis, enfadonhos endividados. Tinha até outro caído ao lado. Fiasco. O espaço era lindo, amplo, bem adornado. Havia muitos convidados. Contei uns cem. Não sobrou um. Peguei umas partes, tentei compensar. Não dava. Era tudo tão oco, frágil, fugaz... Essa sociedade artificial me causa estranheza. Me dá pena. Que desperdício, uma coreografia repetitiva ensaiada para tolos. Eles não entendem, é tempo perdido, não será recuperado. Tomei um gim, estava só de passagem e fiz este recorte da superficialidade.
Nota do Editor: Sayonara Lino é jornalista, com especialização em Estudos Literários pela Universidade Federal de Juiz de Fora e atualmente finaliza nova especialização em Televisão, Cinema e Mídias Digitais, pela mesma instituição. É colunista do Literário e também do Sorocult.com.
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