O plástico foi desenvolvido a partir dos anos 30 e continua sendo uma das grandes conquistas do homem. Com o crescimento da população mundial e o descarte irresponsável no meio ambiente, o plástico passou a ganhar status de vilão. O resultado são toneladas diárias de lixo, que são despejadas em terrenos impróprios, sem contar o que acaba nos rios e matas, gerando sérios problemas para o meio ambiente e para a população. Mas essa história não deveria ser assim, afinal o plástico é um material fantástico e indispensável no nosso dia-a-dia. Os plásticos que hoje são abandonados, sem jamais serem coletados e reciclados, causam danos como morte de animais por ingestão e sufocamento, entupimento dos sistemas de drenagem urbanos etc. Mais de 50% dos resíduos encontrados nas praias são plásticos e mais de 60% dos resíduos encontrados nos oceanos são constituídos de plásticos. Agora, eles se tornaram alvo das críticas dos ambientalistas e ONGs. Do ponto de vista do produto, os plásticos, em especial as embalagens, são materiais com inúmeras vantagens para o consumo e superam outros materiais como o papel, o vidro e o metal. Eles são recicláveis, podem ser fabricados a partir de materiais reciclados e são reutilizáveis. São mais leves, resistentes, impermeáveis, possuem características de proteção para o produto embalado, consomem menos energia e água em sua produção, ocupam menos espaço nos estoques e no transporte e, por serem mais leves, precisam de menos caminhões para transporte, o que significa menos queima de combustíveis e menos veículos nas ruas e estradas. Porém, as mesmas características positivas de resistência o torna um material de difícil e lenta degradação. Por conta disso, e, principalmente, devido à ação do homem - que não descarta corretamente as embalagens - e ao plástico não ser economicamente interessante para a reciclagem, ele tem sido banido de muitos países, mas a culpa não é do plástico. A ciência e os institutos de pesquisa têm estudado e desenvolvido plásticos menos agressivos ao meio ambiente. Em parceria com universidades e cientistas, especialistas de diversos setores buscam soluções para que o plástico não se transforme em um produto nocivo ao ecossistema. Para tanto, já existem muitas tecnologias que são utilizadas em todo mundo. Entre as soluções desenvolvidas pela ciência estão os plásticos biodegradáveis e compostáveis, tais como PLA, PHAs e PHBs. Existem também os plásticos derivados do amido de milho, onde a grande maioria tem em sua composição o amido e o poliéster, por isso são chamados de híbridos. Outro tipo utiliza um aditivo chamado d2w. No caso do d2w, trata-se da introdução de 1% de um aditivo durante o processo de produção das embalagens plásticas convencionais. As embalagens d2w são produzidas com as mesmas matérias-primas, máquinas e processos convencionais. Possuem as mesmas características desejáveis das embalagens plásticas comuns, com uma única diferença: vão degradar-se totalmente, de forma muito mais rápida e sem causar impacto no ecossistema, caso fiquem abandonadas no meio ambiente. Estes plásticos também são reutilizáveis, recicláveis e podem ser fabricados a partir de plásticos reciclados. Entre tantas iniciativas que despontam no Brasil, uma delas vem da capital do Rio Grande do Sul. Recentemente, Porto Alegre começou a usar sacolas biodegradáveis d2w para fezes dos cachorros em um dos principais parques da cidade gaúcha. Na maioria dos casos são produzidas a partir de plásticos reciclados e que não mais serão reciclados por estarem contaminados por detritos. Iniciativas como essa são louváveis. Podemos citar também centenas de empresas brasileiras que adotam o uso de embalagens biodegradáveis em seus produtos (só o d2w conta com mais de 160 empresas do setor plástico). Entretanto, em paralelo ao uso de tecnologias para reduzir o impacto das embalagens no meio ambiente, é necessário que a população não esqueça as boas práticas do consumo sustentável e responsável. Esse é um primeiro passo para enfrentar o problema. Da mesma forma, o poder público deve criar e incentivar políticas públicas de reciclagem, reuso e de educação ambiental, para que isso deixe de ser apenas uma boa ação e passe a ser uma obrigação de cada um de nós. Nota do Editor: Eduardo Van Roost é empresário, presidente da Res Brasil.
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