Uma das maiores geradoras de resíduos, se não a maior, a construção civil gera um volume (de entulho de construção e demolição) duas vezes maior que o volume de lixo sólido urbano. Em São Paulo, o volume de entulho gerado é de 2500 caminhões/dia. Já os valores internacionais oscilam entre 0,7 a 1 tonelada por habitante/ano. É o que aponta a pesquisa internacional realizada pela Civil Engineering Research Foundation (CERF), entidade ligada ao American Society of Civil Engineers (ASCE), dos Estados Unidos. A pesquisa também aponta que a questão ambiental é uma das maiores preocupações dos líderes mundiais do setor, já que a crescente população do mundo propõe o desafio de a construção civil adotar, cada vez mais, práticas sustentáveis com estudos sistemáticos e resultados mensuráveis. Segundo a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD) da Organização das Nações Unidas, prática sustentável ou desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades presentes sem comprometer a possibilidade de que as gerações futuras satisfaçam as suas próprias necessidades. Em poucas palavras, vivemos um momento de delicado equilíbrio entre o desenvolvimento econômico, o uso racional dos recursos naturais e a qualidade de vida. O Brasil, seguindo a tendência externa, parece caminhar na direção do desenvolvimento sustentável. Prova de que o Brasil tem avançado na seara da construção civil e dos empreendimentos imobiliários é a presença maciça de empresas nacionais em obras mundo afora - Angola, Iraque, Venezuela, Argentina, Estados Unidos, Portugal, entre outros países. E esses países levam muito em consideração as "práticas verdes". Na construção civil internacional, a tendência de considerar o meio ambiente já está presente não só pela escassez de recursos, que exige melhor controle e uso racional dos materiais, mas pelas leis e normas a serem seguidas. Hoje, podemos notar mudanças positivas no cenário nacional: desenvolvimento de infra-estrutura eficiente para o uso racional dos recursos naturais, utilização de materiais ecologicamente corretos, maior participação e responsabilidade dos construtores em alterar o mínimo possível o ambiente nas soluções de desenvolvimento sócio-ambiental. Mas ainda não são mudanças suficientes. Urge a formatação de uma legislação que incentive as iniciativas, os mecanismos para a gestão de edificações sustentáveis e o gerenciamento do ciclo completo destes produtos. As preocupações devem começar desde o projeto, transcorrer durante a construção até sua utilização, e destinar adequadamente os resíduos sólidos, que são inevitavelmente gerados. A construção civil mundial utiliza uma elevada quantidade de recursos naturais. Em razão disto, o setor pode exercer um importante papel na preservação do meio ambiente e contribuir para a redução de problemas sérios, como o aquecimento global. Nota do Editor: Kailash Pinotti (kailash@atmosfera.com) é Diretor da Atmosfera Desenvolvimento Imobiliário.
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