Conscientização para o uso racional da água
O consumo médio de água nas capitais brasileiras é de 150 litros/habitante/dia, enquanto que a Organização das Nações Unidas recomenda que esse consumo seja de 110 litros/habitante/dia. As cidades de Vitória, Rio de Janeiro e São Paulo apresentam os maiores índices de consumo por habitantes do país (236, 226 e 221, respectivamente) chegando a ser o dobro do estipulado pela ONU. Mas porque as pessoas não se sensibilizam e começam a fazer um uso inteligente da água? Provavelmente, porque quando se fala em falta de água no planeta e racionamento, a maioria das pessoas não acredita, acha que é um exagero e que isso só deve acontecer daqui a uns 200 anos. A quantidade de água que temos nos oceanos, nos faz crer que é impossível, um dia, não termos mais água potável no mundo. Mas essa não é a realidade! Segundo dados do International Water Management Institute - IWMI - até 2025, 1,8 bilhão de pessoas, de diversos países, deverão viver sem nenhuma gota de água, o que representa que 30% da humanidade sofrerá com a falta de água. Com apenas 0,007% da água existente no mundo doce e com o rápido crescimento da população mundial e a crescente poluição - para cada 1.000 litros de água utilizados, outros 10 mil são poluídos - a água é o recurso natural mais estratégico de qualquer país do mundo. E ainda, segundo a ONU, 50% da taxa de doenças e morte nos países em desenvolvimento ocorrem por falta de água ou pela sua contaminação. Diante desse assustador cenário, já é passada a hora das pessoas se conscientizarem e começarem a fazer uso racional desse bem precioso e extremamente importante para a humanidade. Gastar mais de 110 litros de água por dia é desperdiçar nossos recursos naturais e também dinheiro. O destino da água em uma casa no Brasil é o seguinte: 27% para consumo (cozinhar, beber), 25% para higiene (banho, escovar os dentes), 12% para lavagem de roupa, 3% para outros fins, como lavagem de carro, e, finalmente, 33% para descarga de banheiro. O consumo exagerado deve-se aos constantes desperdícios e descuidos na utilização da água, como, por exemplo, lavar quintal com água corrente ou tomar um banho por mais de 15 minutos. Nos edifícios e apartamentos, o consumo tende a ser maior ainda devido à maior pressão da água, além é claro, da maneira como se paga por ela. Hoje em dia, na maioria dos condomínios verticais e horizontais, existe somente um hidrômetro que mede o consumo de todos os apartamentos para que o valor final seja dividido de maneira igual entre todos os condôminos. Sendo assim, uma pessoa que mora sozinha paga a mesma quantia que uma família de seis pessoas. Essa forma antiga de medição faz com que as pessoas não se preocupem em utilizar a água de uma forma racional e inteligente. O que irá adiantar se eu economizar e o meu vizinho não fizer o mesmo? A medição individualizada de água é uma excelente solução para esse problema e, inclusive, já existem diversas cidades com projetos de lei que a torna obrigatória. Mas o que significa medição individualizada? Cada apartamento passa a ter um hidrômetro próprio que mede o quanto de água é consumido, de maneira que as pessoas paguem exatamente pelo o que elas consomem. Além de ser uma maneira mais justa de se pagar pela água, ela faz com que as pessoas economizem e a utilizem da melhor forma possível. Nos prédios onde essa solução já foi implementada, houve uma economia imediata de 20%, podendo, em alguns casos, chegar a 40%, já nos primeiros três meses após a adoção. Além da implementação de novas tecnologias, como a medição individualizada, e de novas políticas públicas, é primordial que as pessoas se conscientizem de que a água é um recurso natural finito e que antes mesmo do que muitos imaginam, ela irá faltar. Por fim, segundo a ONU, 50% da taxa de doenças e morte nos países em desenvolvimento ocorrem por falta de água ou pela sua contaminação. Portanto, o uso racional da água é vital para adiarmos, o máximo possível, graves problemas ambientais, de saneamento e principalmente, de saúde pública. Nota do Editor: Samuel Lee é Diretor geral da Actaris Metering systems na América Latina.
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