Estamos muito próximos da utilização em larga escala de meios de transportes rápidos, seguros e que não contribuem para o efeito estufa, fenômeno percebido pela primeira vez em 1827 pela comunidade científica, e que sua principal conseqüência, o aquecimento global, ganhou notoriedade nos últimos 50 anos, período que coincide com a massificação do uso dos combustíveis fósseis em veículos com motor a combustão. Nesse período, a indústria da mobilidade evoluiu muito, e dentro desse processo evolutivo, um passo importante foi o desenvolvimento de uma consciência ambiental, iniciada por força de lei e consolidada pela pressão popular. Produtos ambientalmente corretos atendem hoje as exigências dos consumidores e, conseqüentemente, aos programas de marketing avançados. Não é exagero afirmar que uma grande parcela das empresas automotivas oferecem, atualmente, produtos que ultrapassam em muito os requisitos governamentais. O fato é que o automóvel de hoje possui um bom índice de reciclagem e, no futuro, peças e componentes recicláveis serão uma condição ’sine qua non’ para os produtos chegarem ao mercado. A exemplo, além da conhecida reciclagem dos metais, cito os pneus, os óleos lubrificantes, as baterias e os vidros que já têm destinos ecologicamente corretos quando descartados. É importante destacar que a pressão popular pelo uso de tecnologias que não agridam o meio ambiente é fundamental. Isto, somado às conseqüências negativas do uso dos combustíveis fósseis, decretará quais novas tecnologias serão utilizadas na indústria da mobilidade. E assim, como aconteceu com o carvão, a era do petróleo vai terminar pela consciência social e restrições ambientais legais, e não pela falta do petróleo em si. O Brasil está na vanguarda do desenvolvimento de combustíveis de biomassa, mas esta posição já está ameaçada devido à competição internacional pela busca de fontes alternativas de energia. No entanto, o desenvolvimento e o uso da biomassa vão possibilitar as empresas brasileiras se beneficiarem de programas de MDL (Mecanismos de Desenvolvimento Limpo). Estabelecido no Protocolo de Kyoto, o MDL é um incentivo para empresas de países industrializados investirem em projetos elegíveis de redução de emissões em países em desenvolvimento. Isso significa que o Brasil tem hoje a oportunidade única de gerar divisas com tecnologias limpas. Outro fato é o desenvolvimento já sustentado de veículos que funcionam com combustíveis alternativos ao petróleo, como os híbridos, que funcionam com dois motores, um elétrico e um a combustão movido a biocombustível. Existem, ainda, os veículos movidos a biomassa (álcool e biodiesel) e os próprios veículos ’plug in’, 100% elétricos. Este será o foco do fórum Aquecimento Global que o Comitê Veículos de Passeio realizará durante o Congresso SAE BRASIL 2007, em novembro, em São Paulo. Neste fórum, especialistas do Brasil e Exterior vão debater as reais contribuições das novas tecnologias automotivas e dos combustíveis de biomassa na redução do aquecimento global, um dos desafios da engenharia da mobilidade deste início de século XXI, assim como o reflexo da transformação de engenharias regionais em engenharias globais, que demandam profissionais de desenvolvimento em quantidade e qualidade. Estes desafios fazem parte da pauta de reuniões dos executivos de primeiro escalão da indústria da mobilidade e requerem soluções imediatas para que o Brasil não perca a vantagem já conquistada com o pioneirismo no desenvolvimento de tecnologia de combustível a base de biomassa. Nota do Editor: Evandro Maciel é diretor do Comitê de Veículos de Passeio do Congresso SAE BRASIL 2007.
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