Será que a tendência da cintura alta vai pegar nas ruas?
Valorização do corpo da mulher ou uma moda cafona? Esta parece ser a grande dúvida em torno da volta da cintura alta. Por séculos, mostrar o umbigo era impensável para uma roupa feminina. Hoje é o contrário, escondê-lo é que parece estranho. Nas últimas semanas nacionais de moda a cintura alta ressurgiu nas passarelas. Na coleção Verão 2007 das grifes TNG, Cantão e Sta. Ephigênia, ela apareceu em calças, bermudas e shorts curtíssimos para serem usados no dia-a-dia. Outro exemplo mostrado no Fashion Rio foi a forma das roupas da estilista Eliza Conde, mais ajustada ao corpo e com a cintura bem marcada, revelando discretamente a silhueta feminina. No São Paulo Fashion Week, a Forum Tufi Duek abusou da cintura alta nas calças, saias e shorts que de tão curtos deixaram o bumbum das modelos à mostra. Na passarela de Giselle Nasser, a cintura prevaleceu em saias, vestidos tipo trapézio e shorts em versão mini. Em um passeio pela história da moda, percebemos que a utilização da cintura alta vem mesmo de longe. No século XVII, quando as mulheres ainda nem pensavam em usar calças, os vestidos usavam muito pano, destacavam os seios e apertavam as cinturas firmadas por sufocantes corseletes. No século seguinte, após a Revolução Francesa, a moda quis negar o estilo que a nobreza adorava. Os vestidos passaram a ser soltos, leves e simples. Surgiu a chamada cintura império, localizada logo abaixo do busto. Foi no século XX que o umbigo começou a aparecer. Com o final da Primeira Guerra, o vestuário passou por profundas mudanças. As mulheres se tornaram mais independentes. Os comprimentos das saias subiram e as cinturas passaram a ser mais baixas. O estilo melindrosa marcou a década de 20. A cintura alta voltou com tudo no final da Segunda Guerra Mundial. As mulheres queriam mudar, era o fim das roupas rígidas e pesadas dos tempos difíceis. Nesta época, surgiu o New Look de Christian Dior, que trouxe de volta os vestidos de tecidos finos, marcando cinturas finíssimas e acentuando os seios com corpetes. Outro ícone da época, a estilista Coco Channel também acinturou elegantes tailleurs, saias e vestidos. Nas décadas seguintes, a cintura continuou subindo e descendo. Os anos 70, lembrados pelos hippies e pela geração paz e amor foi marcado pelo sucesso das calças saint-tropez. Na década de 80, a cintura voltou para o lugar. A partir da década de 90, a cintura alta praticamente desapareceu do guarda-roupa feminino. Mas para o próximo verão elas são a aposta forte nas passarelas brasileiras. E não se trata de estilistas mais conservadores. A cintura alta versão 2007 aparece em todos os estilos. Em Salvador, as charmosas lojas Maria Divina e Fernanda Kiffer, na Pituba, já dispõem de peças nesta modelagem. As "vizinhas" comercializam com exclusividade a grife Giselle Nasser, que traz looks que acentuam a feminilidade das mulheres. No entanto, ainda não é possível saber se a tendência vai pegar nas ruas. Afinal de contas, muitas mulheres ainda não esqueceram o motivo de terem deixado de usar esta modelagem: ela não é ideal para qualquer corpo. As altas e esquálidas se beneficiam desta característica, que desenha bem a silhueta, mas realçam os quadris, o que dificulta as brasileiras aderirem a esta moda por terem um quadril maior. Seja como for, a tendência esta aí. Resta esperarmos a chegada do verão para vermos no que vai dar!
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