Mais de 1 bilhão de pessoas não têm acesso à água potável. Por volta de 2050, quase metade da população mundial sofrerá com a falta deste recurso
Uma das grandes falhas da economia do século 20 foi sua incapacidade de prover água adequada a todos os habitantes do planeta. Isso causa até 10 milhões de mortes por ano e incapacita grande número de pessoas. A escassez de água no mundo é agravada em virtude da desigualdade social e da falta de manejo e usos sustentáveis dos recursos naturais. De acordo com os números apresentados pela ONU (Organização das Nações Unidas) fica claro que controlar o uso da água significa deter poder. Segundo a Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), menos da metade da população mundial tem acesso à água potável. A irrigação corresponde a 73% do consumo de água, 21% vai para a indústria e apenas 6% destina-se ao consumo doméstico. Um bilhão e 200 milhões de pessoas (35% da população mundial) não têm acesso à água tratada. Um bilhão e 800 milhões de pessoas (43% da população mundial) não contam com serviços adequados de saneamento básico. Não bastasse, dez milhões de pessoas morrem anualmente em decorrência de doenças intestinais transmitidas pela água. A água é um desafio cada vez maior. O assunto passou, inclusive, a ser discutido em todas as esferas. José Galizia Tundisi, presidente do Instituto Internacional de Ecologia de São Carlos e ex-presidente do CNPq, e Takako Matsumura Tundisi, professora titular aposentada da Universidade Federal de São Carlos e diretora científica do Instituto Internacional de Ecologia, apresentam no livro "A Água", da série Folha Explica (Publifolha, 128 páginas, R$ 16,90) os usos da água para a continuidade da vida no planeta e apontam os principais problemas referentes ao ciclo deste recurso natural. Em conjunto, abordam temas como as propriedades essenciais da água, os recursos hídricos do Brasil, os usos múltiplos dos recursos hídricos e a água no terceiro milênio. "Folha Explica A Água" promove uma visão sistêmica, sintética e útil sobre este recurso natural essencial à sobrevivência das espécies – incluindo a espécie humana – e vital para o funcionamento equilibrado do planeta. A cada ano, mais 80 milhões de pessoas clamam por seu direito aos recursos hídricos da Terra. E quase todos os 3 bilhões (ou mais) de habitantes que devem ser adicionados à população mundial no próximo meio século nascerão em países que já sofrem de escassez de água. Já nos dias de hoje, muitas pessoas nesses países carecem do líquido para beber, satisfazer suas necessidades higiênicas e produzir alimentos. Além do crescimento populacional, a urbanização e a industrialização também ampliam a demanda por água. Conforme a população rural, tradicionalmente dependente de poços, muda-se para prédios residenciais urbanos com água encanada, o consumo de água residencial pode facilmente triplicar. A industrialização consome ainda mais água que a urbanização. A concentração populacional também gera demanda adicional, à medida que as pessoas ascendem na cadeia alimentícia e passam a consumir mais carne bovina, suína, aves, ovos e laticínios, consomem mais grãos. Se os governos dos países carentes de água não adotarem medidas urgentes para estabilizar a população e elevar a produtividade hídrica, a escassez de água em pouco tempo se transformará em falta de alimentos. A política de controle populacional não pode ser separada do abastecimento de água. Da mesma forma que o mundo voltou-se à elevação da produtividade da terra há meio século, quando as fronteiras agrícolas desapareceram, agora também deve voltar-se à elevação da produtividade hídrica. O primeiro passo em direção a esse objetivo é eliminar os subsídios da água que incentivam a ineficiência. O segundo passo é aumentar o preço da água, para refletir seu custo. A mudança para tecnologias, lavouras e formas de proteína animal mais eficientes em termos de economia de água proporciona um imenso potencial para a elevação da produtividade hídrica. Estas mudanças serão mais rápidas se o preço da água for mais representativo que seu valor. Com esta conscientização cada vez mais crescente, cada nação pode se preparar ao longo do tempo para a valorização e valoração de seus recursos naturais. Robin Clarke escreveu diversos livros sobre o meio ambiente, entre os quais destacam-se Water: The International Crisis e The Science of War and Peace. Como editor, assinou os seguintes títulos da UNEP: Global Environment Outlook 2000 e Global Environment Outlook 2002. Atualmente, edita a publicação World Climate News, da World Meteorological Organization. No Brasil, Clarke lançou o livro "O Atlas da Água" (Publifolha, 128 páginas, R$ 39,90) em parceria com a pesquisadora Jannet King, que trabalhou durante muitos anos em edição e pesquisa de atlas ambientais, políticos e históricos. O livro é um dos maiores levantamentos já feitos sobre a água. Com informações de 168 países e 33 mapas com a distribuição dos recursos hídricos no mundo, aborda temas como: escassez de água, energia, exploração de águas subterrâneas, secas e inundações, conflitos comerciais, contaminação e doenças, saneamento básico, desperdício, entre outros. O livro tem ilustrações, fotos e dados fornecidos pela OMS (Organização Mundial de Saúde). É uma fonte de informação essencial para professores, estudantes, interessados em questões ambientais, responsáveis por políticas públicas e privadas, e para todos que queiram compreender melhor a questão da água no mundo de hoje. Atualmente, mais de 1 bilhão de pessoas não têm acesso à água potável. Por volta de 2050, quase metade da população mundial sofrerá com a falta deste recurso. Além dos mapas com a distribuição das águas em todo o mundo e páginas com mapas exclusivos sobre o panorama brasileiro, o livro mostra tabelas que detalham usos e abusos, necessidades e recursos, com dados de inúmeros países. No mundo todo, estima-se que 1,7 milhão de mortes anuais sejam causadas pelas águas poluídas, segundo a OMS. E a poluição tende a crescer. Portanto, é imprescindível que se comece a pensar em soluções que garantam às próximas gerações usufruir deste recurso imprescindível à vida.
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