O Brasil é o campeão mundial em agrobiodiversidade. Estima-se que somente a Amazônia detém mais de 25% da biodiversidade vegetal e animal do planeta. O tema está sempre atual, pois, este imenso patrimônio genético pode estar em perigo com o avanço das fronteiras agrícolas para o Cerrado e Amazônia. O estudo da agrobiodiversidade envolve o uso e a conservação dos recursos genéticos animais, vegetais, microbiota (seres microscópicos) e os conhecimentos associados. Esta área da ciência ainda trata da evolução, domesticação e localização dos centros de diversidade das espécies de interesse para a humanidade como as alimentares, medicinais, ornamentais, agroenergéticas e fibras. É fundamental destacar a riqueza brasileira em variabilidade genética vegetal sendo centro de origem do abacaxi, açaí, amendoim, cacau, castanha, cupuaçu, mandioca, maracujá, seringueira e outras espécies. Importantes trabalhos na conservação deste patrimônio podem ser observados no campo visitando os bancos de germoplasma e nas coleções de microrganismos mantidas em laboratórios. Este trabalho é oneroso e exige muitos cuidados, pois envolve a coleta, manutenção e multiplicação de germoplasma, melhoramento e conservação in situ e ex-situ de espécies. O acesso aos recursos genéticos e aos conhecimentos tradicionais da biodiversidade, incluindo a repartição dos benefícios às comunidades detentoras de genes de interesse ao homem, também faz parte do estudo da agrobiodiversidade sendo regulados no Brasil pelo Conselho de Gestão do Patrimônio Genético (CGEN) sediado no Ministério do Meio Ambiente. A Embrapa Acre mantém coleções de germoplasma de diversas espécies vegetais amazônicas como abacaxi, açaí, amendoim forrageiro, cupuaçu, mandioca, pimenta longa, unha-de-gato e de espécies exóticas como diversas cultivares de banana, café, cana-de-açúcar, citros, dendê e outras espécies florestais e forrageiras. Outra iniciativa nessa linha é o projeto "Reserva Extrativista do Cazumbá-Iracema - um Modelo de Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade por Comunidades Tradicionais na Amazônia" que faz parte do Programa Biodiversidade Brasil-Itália. Este é um programa de cooperação internacional, que envolve o Instituto Agronômico per l’Oltremare (IAO), pelo lado italiano, o Ibama e a Embrapa. No projeto em desenvolvimento no Estado, na reserva Cazumbá-Iracema, a Embrapa Acre é responsável por quatro planos de ação (plantas medicinais, plantas com potencial inseticida, castanha-do-brasil, reordenamento da pecuária) e uma atividade (melhoria do cultivo de mandioca para produção de farinha dentro do Plano de Ação Agricultura Familiar). O principal objetivo é viabilizar soluções baseadas na biodiversidade vegetal, natural e agrícola, para aliviar a pobreza e melhorar a segurança alimentar das populações sejam elas rurais, tradicionais ou indígenas. A expectativa é que esta iniciativa possa contribuir para aumentar a segurança alimentar, promover o uso sustentável da diversidade biológica, integrando as ações de conservação, uso e promoção da biodiversidade. Nota do Editor: Amauri Siviero (asiviero@cpafac.embrapa.br), pesquisador da Embrapa Acre, D.Sc. Fitopatologia e Meio Ambiente.
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