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Meio Ambiente
18/11/2006 - 14h02
O mico-leão-dourado e a Mata Atlântica
Agência USP de Notícias
 

Função dispersora do mico-leão-dourado auxilia na preservação do habitat da espécie. Após realizar sua "refeição" rica em frutos, o animal expele as sementes, intactas, a uma distância da árvore-mãe que oferece mais segurança contra predadores, além de depositar a maioria das sementes em locais com condições propícias à germinação

O mico-leão-dourado está para a Mata Atlântica assim como o semeador está para a plantação. A espécie é um importante dispersor de sementes e, ao desempenhar esse papel, auxilia na regeneração da Mata - cujo desmatamento é o principal problema associado a sua extinção. Além de ser um grande consumidor dos mais diversos tipos de frutos, esse pequeno primata espalha as sementes por onde passa, podendo ligar áreas isoladas de mata.

Em seu estudo de mestrado, no Instituto de Biociências (IB) da USP, a bióloga Marina Janzantti realizou uma pesquisa pioneira sobre a função dispersora desse animal. Atualmente, o trabalho tem continuidade no programa de doutorado, também no IB. A experiência de Marina com o tema vem desde 1995, quando ela trabalhava na Associação Mico-Leão-Dourado, entidade que integra o Programa de Conservação do Mico-Leão-Dourado, fruto da cooperação entre o Smithsonian Institution/Zoológico Nacional de Washington - EUA, o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Floresta (IBDF) - atual IBAMA - e o Centro de Primatologia do Rio de Janeiro (FEEMA/CPRJ).

Originário do Rio de Janeiro, o mico-leão-dourado habitava toda a baixada litorânea do Estado, mas, atualmente, pode ser encontrado em apenas seis municípios. Para proteção da espécie foram criadas três unidades de conservação, e uma delas é a Reserva Biológica União, a área de estudo da bióloga. Ela foi transformada em reserva pelo IBAMA em 1998 pelo fato de ter recebido seis grupos de mico-leões-dourados advindos de áreas isoladas e ameaçadas pela escassez de mata. Hoje, já são mais de 30 grupos, com uma média de seis animais cada, contribuindo para manter e aumentar a variabilidade genética da espécie.

Comilão e semeador

O consumo de grande quantidade e variedade de frutos faz do mico-leão-dourado um importante dispersor. Em seus estudos no doutorado, num período de um ano e meio, Marina identificou 88 espécies diferentes consumidas pelo animal. Isso se deve ao que ela denominou "tempo de passagem": após uma "refeição", o mico-leão-dourado leva entre uma hora e uma hora e meia para defecar. Um intervalo curto como esse faz com que o animal se alimente várias vezes ao dia e defeque nos locais mais diversos.

O mico engole grande parte das sementes dos frutos, que saem intactas nas fezes e em condições de germinar. A outra parte é cuspida pelo animal e, mesmo dessa forma, a atuação do mico é benéfica, pois, ao ingerir a polpa, ele diminui os riscos de mortalidade da semente por fungos e predadores.

Para as sementes, é importante que sejam depositadas longe da árvore-mãe para haver menor competição por espaço e menos chance de predação. Segundo Marina, numa distância de até 10 metros as sementes correm mais riscos de serem predadas ou de não germinar. A bióloga verificou que o mico-leão-dourado costuma defecar em locais distantes daquele onde se alimentou, numa média de 105 metros, podendo alcançar quase 1 quilômetro. "Apenas 5,8% das sementes foram depositadas até 10 metros do local de origem, enquanto 82,02% ficaram entre 10 e 200 metros, distância considerada favorável para a germinação", explica a pesquisadora.

Além disso, ela comenta que os micos-leões-dourados alocam a grande maioria das sementes em lugares adequados para a germinação. Ou seja, se o fruto é originário de uma região mais úmida, o mico costuma levar a semente para um local de condições semelhantes. Esse comportamento também favorece a germinação.

Sementes desaparecem

Em seu trabalho de campo, a bióloga percebeu que, após a dispersão, grande parte das sementes desapareciam. Para entender se a causa disso estava na predação ou no realocamento das sementes, Marina fez um experimento que excluía a possibilidade de predadores (animais vertebrados, de maior porte) se aproximarem das sementes. E elas ainda assim desapareciam.

Com isso, a pesquisadora concluiu que a maioria das sementes era carregada por invertebrados. Esse dado é positivo, pois significa mais chances de vida para a planta. "As sementes podem ser levadas por esses invertebrados para locais mais favoráveis à germinação".

O mico-leão-dourado é um dos primatas mais ameaçados de extinção do mundo. Estudos sobre seu comportamento irão contribuir para a preservação da espécie, de seu hábitat, e da própria Reserva Biológica União, uma das poucas áreas remanescentes de Mata Atlântica.

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