Tripulação chega a Wellington e já fala na etapa que termina no Rio de Janeiro
Wellington (Nova Zelândia) - As 1.450 milhas náuticas, ou cerca de 2.600 quilômetros, que separam Melbourne, na Austrália, de Wellington, na Nova Zelândia, devolveram ao Brasil 1 a confiança. Nesta quinta-feira, o barco brasileiro completou sem apresentar problemas em quarto lugar a terceira etapa da Volvo Ocean Race, a mais tradicional regata de volta ao mundo. Torben Grael e sua tripulação cruzaram a linha de chegada após quatro dias no mar, às 3h13 da madrugada no horário de Brasília. "Foi uma etapa bem legal. Não tanto pelo resultado. Acho que podíamos ter ido melhor, perdemos algumas chances. Mas o que nos deixou mais contentes foram as condições difíceis que o barco agüentou. Nos deu mais confiança para a próxima perna. O barco se portou de maneira impecável, mostrou velocidade, enfrentou muitas ondas, bateu muito e não aconteceu nada", elogiou o comandante Torben ao chegar ao porto de Queens Wharf. O fato foi bastante comemorado pelos velejadores, que enfrentaram contratempos com o barco na segunda etapa. A equipe já teve de contornar problemas estruturais no convés, quebra de mastro e instabilidade na quilha basculante. "Quando você perde o mastro, é claro que fica desconfiado. Não exige tanto, vai com calma. Sempre pensa que pode acontecer mais uma vez. Essa etapa serviu justamente para acabarmos com essa desconfiança e voltarmos a velejar o Brasil 1 com tranqüilidade", disse o espanhol Roberto Chuny Bermudez, um dos comandantes de turno do time brasileiro. Ponto de interrogação - Dessa vez, o único dano da equipe ficou por conta de Torben Grael. Na primeira noite de velejada, ele foi derrubado por uma onda gigante. "Saíamos da baía de Port Phillip e, no calor da competição, estávamos sem cinto e uma onda enorme varreu o convés e arrastou o Andy e o Kiko. Quando caí, acabei deslocando o dedão. Fiquei apreensivo porque estamos indo para o Brasil e pensei que tivesse quebrado o dedo. E nunca quebrei nada na vida", comentou o bicampeão olímpico. Com isso, o timoneiro João Signorini, que fez cursos de primeiros-socorros para ser o enfermeiro da tripulação, teve seu primeiro paciente. “Foi a primeira intervenção médica da corrida. O dedo dele estava como um ponto de interrogação, mas consegui colocar no lugar. Foi tranqüilo. E dei o remédio certo, eu acho. Ele não sentiu dor e agora já está até voltando a mexer”, lembrou. Por precaução, Torben fará um raio-x do dedão em Wellington. A largada está marcada para a noite de sábado no horário de Brasília. Com menos de dois dias pela frente e nenhum dano no barco para ser reparado, os velejadores poderão relaxar um pouco. "Dessa vez, temos pouca coisa para fazer. A gente sempre quer mudar muita coisa, mas desta vez o trabalho será menor. Vai dar para dar uma descansadinha", comemorou Torben. “Foi uma perna muito rápida e tivemos pouco tempo para dormir. Foi aí que percebemos o quanto estávamos cansados pelos últimos dias”, completou Signorini. Durante a parada de Melbourne, o time brasileiro trabalhou sem parar por duas semanas e conseguiu deixar o barco pronto, tanto para a terceira perna, quanto para a regata local, disputada no dia 4. Chegada emocionante - Outras tripulações, porém, não terão a mesma sorte. Os espanhóis do movistar acabaram com o domínio holandês na Volvo Ocean Race 2005/2006 ao vencer esta etapa, apenas nove segundos à frente do ABN Amro One, na chegada mais emocionante da história da competição. Mesmo assim, alguns minutos depois da comemoração, a equipe da Espanha anunciou que tinha danos estruturais e teria de pagar a penalidade de duas horas e receber auxílio externo. O terceiro colocado foi o Piratas do Caribe/EUA, que cruzou a linha de chegada três horas antes do Brasil 1. O quinto foi o ABN Amro Two, uma hora depois. Os holandeses travaram, nas últimas horas da etapa, uma batalha com o Ericsson pela colocação. Os suecos estavam 100 milhas atrás, mas recuperaram a desvantagem no último dia. Mesmo assim, o Ericsson resolveu não terminar a prova. Precisando de reparos, o time preferiu pagar a penalidade de duas horas ainda na terceira etapa e abandonou temporariamente a competição a uma milha da linha de chegada. O barco será reparado até sábado, quando o time deve completar a terceira perna e largar para a quarta. Terremoto - Antes da chegada dos barcos, os funcionários da Volvo Ocean Race sentiram os efeitos de um terremoto de seis pontos na escala Richter. O epicentro foi no mar, a 200 quilômetros de Wellington. Não houve problemas mais sérios, além do susto. Após a terceira etapa, a classificação geral da competição é a seguinte: 1) ABN Amro One/HOL, 38,5 pontos; 2) ABN Amro Two/HOL, 28; 3) movistar/ESP, 25; 4) Piratas do Caribe/EUA, 21,5; 5) Brasil 1/BRA, 20; 6) Ericsson/SUE, 16,5; e 7) Brunel/AUS, 11,5 pontos. O Brasil 1 é patrocinado por VIVO, Motorola, QUALCOMM, HSBC, Embraer, ThyssenKrupp, NIVEA Sun, Ágora Senior Corretora de Valores e Governo Brasileiro através da Apex (Agência de Promoção das Exportações do Brasil), Ministério da Indústria, Desenvolvimento e Comércio Exterior, Ministério do Turismo e Ministério dos Esportes e apoio especial da Varig.
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