Tripulação teve recepção calorosa e festa com churrasco e cerveja
| David Branigan / Volvo Ocean Race | | | | Comemoração. |
|
Com churrasco ao estilo brasileiro, cerveja gelada e uma recepção calorosa da equipe de terra, os velejadores do Brasil 1 comemoram nesta sexta-feira o final da primeira etapa e a manutenção da vice-liderança na classificação geral da Volvo Ocean Race. Com o terceiro lugar na perna entre Vigo, na Espanha, e Cidade do Cabo, na África do Sul, os brasileiros chegaram a 10,5 pontos (3,0 em Sanxenxo, 2,5 em Noronha e 5,0 na Cidade do Cabo), o mesmo que o Ericsson/SUE, que deve completar a etapa neste sábado. O ABN Amro One/HOL, primeiro a chegar à África, tem 11,5. Nas etapas o primeiro colocado recebe 7 pontos e os demais um ponto a menos cada. Nas regatas locais e nos portões de pontuação a soma é exatamente a metade, ou seja, 3,5 pontos para o primeiro, e meio ponto a menos para cada um subseqüente. O primeiro time brasileiro a disputar a mais tradicional regata de volta ao mundo enfrentou quase 20 dias no mar. Velejando por 6400 milhas, a equipe liderada pelo bicampeão olímpico Torben Grael superou, além de temporais e calmarias, a suspeita dos adversários. "Ninguém sabia realmente o que esperar da nossa equipe, nos olhavam como os ’outsiders’ (azarões), nunca como favoritos. Agora conseguimos acompanhar os ABNs, velejamos sempre entre os primeiros e todos terão de mudar um pouco esse conceito", diz a navegadora australiana Adrienne Cahalan, a única mulher na prova. O Brasil 1 chegou quase 16 horas depois do ABN One e 8 horas após o ABN Two, segundo colocado. "Para a competição é muito bom ter os barcos tão próximos depois de tanto tempo no mar. As horas de diferença são muito pouco se considerarmos os 20 dias de prova", comenta Torben Grael. "A perna acabou sendo definida nas escolhas táticas (sobre quando contornar a área de alta pressão do Atlântico Sul). Acho que nós viramos cedo demais e o Ericsson, tarde. O ABN Two foi mais preciso nas escolhas", completa. Os brasileiros, porém, não escondem que, quando chegaram próximos ao destino e encontraram um buraco de vento na frente da Table Mountain, o cartão postal da Cidade do Cabe, ficaram preocupados. "Essa primeira perna só foi decidida nas últimas milhas, com todos brigando pela liderança até o final. E eu não acredito que levamos seis horas para atravessar 20 milhas até o porto africano. Sabíamos que estávamos com uma vantagem enorme sobre o Ericsson, mas às vezes olhávamos no horizonte para ver se eles não apareciam, só para garantir", disse Adrienne. "Essa primeira perna foi muita rápida, nunca tinha velejado uma primeira etapa em que o único local sem vento foi na chegada", completa o espanhol Chuny Bermudez. Já aliviados da tensão da disputa, os velejadores aproveitaram para relaxar com o churrasco preparado pela equipe de terra. O "mestre cuca" Marcelo Ferreira foi conferir a carne assim que chegou à base, depois de algumas horas de sono no hotel. André Fonseca aproveitou para conectar o computador na internet e falar com a família. "No barco não me deixavam fazer isso", lamenta. O ambiente alegre foi marcado também pela confiança no barco. "Foi uma experiência nova para todos nós. A etapa foi tão grande, com dois dias de vento muito forte no começo. Provamos que o Brasil 1 é resistente. O barco é muito rápido e às vezes surpreende. Acho que vamos ter que aprender novamente a velejar em barcos mais lentos, porque tudo é bem diferente", fala João Signorini. "Ainda estamos aprendendo a velejar com o Brasil 1, em alguns momentos, não sabemos se podemos acelerar. Acho que essa é a maior diferença para os ABNs, que estão no mar há quase um ano e sabem exatamente qual vela anda melhor em determinado ângulo de vento, algo que ainda estamos aprendendo", completa André Fonseca. Agora a tripulação do Brasil 1 iniciará uma série de reuniões de avaliação da primeira etapa e na próxima semana retornam para seus países de origem. Enquanto isso, a equipe de terra começa a desmontar o barco para fazer uma revisão completa, pois no dia 26 de dezembro está prevista a segunda in-port race, na baía da Cidade do Cabo. No dia 2 de janeiro, todos largam para a segunda perna, entre a África do Sul e Melbourne, na Austrália. O Brasil 1 é patrocinado por VIVO, Motorola, QUALCOMM, HSBC, Embraer, ThyssenKrupp, NIVEA Sun, Ágora Senior Corretora de Valores e Governo Brasileiro através da Apex (Agência de Promoção das Exportações do Brasil), Ministério da Indústria, Desenvolvimento e Comércio Exterior, Ministério do Turismo e Ministério dos Esportes e apoio especial da Varig.
|