Na Escola de Enfermagem, estudo realizado com 100 mulheres de famílias de baixa renda de São Paulo, constatou que homens casados, que vivem juntos ou apenas namoram a parceira são os que assumem uma gravidez inesperada
O vínculo existente entre os parceiros antes de uma gravidez indesejada determina o comportamento dos homens diante da gestação e do filho. De acordo com um estudo realizado na Escola de Enfermagem (EE) da USP, com famílias de baixa renda, os homens casados, que vivem juntos ou apenas namoram a parceira, são os que mais assumem os filhos, apesar da gestação inesperada. A pesquisa foi realizada com 100 mulheres moradoras em uma comunidade próxima à Marginal do Tietê, na Zona Oeste de São Paulo. "O estudo verificou a experiência das mulheres em relação ao comportamento masculino diante da gravidez indesejada", diz a professora da EE, Luiza Akiko Komura Hoga, que coordenou a pesquisa. "Entre os homens, 66% ficaram satisfeitos com a gravidez, mesmo sendo inesperada, 83,3% acompanharam a gestação e 76,9% registram formalmente os filhos." A gestação não mudou o tipo de relacionamento com o parceiro para 58% das mulheres entrevistadas. "Entre os casados (18% dos homens), 94,1% mantiveram o matrimônio e dos casais amasiados, que não possuem vínculo formal (47% dos homens), 83,3% permaneceram juntos", relata a professora. "Quanto menor o vínculo entre parceiros, menor a possibilidade dos pais acompanharem a gestação." Vínculos Segundo Luiza, apenas 20% dos homens que não possuíam vínculos anteriores à gravidez com a parceira registraram os filhos, mantiveram contato e lhes deram ajuda financeira. "Todos os casados, 89,3% dos amasiados e 63,3% dos homens que namoravam registraram formalmente os filhos", afirma. Segundo a professora, nenhum dos casais sem vínculos mudou o tipo de relacionamento, mostrando que a gravidez não segura nenhum pai se não houver vínculo anterior, especialmente em casos de mães adolescentes. Ela ressalta que a idade, relação com os pais na infância, existência ou ausência de proventos financeiros na época da gravidez e experiências pessoais relativas ao papel paterno não influíram no comportamento masculino. "Entre os homens amasiados, 92,3% prestaram ajuda financeira aos filhos, contra 86,7% dos casados e 58,6% dos que namoravam", aponta. Em apenas 11% dos casos de gravidez indesejada, os homens brigaram com a parceira e 13% sugeriram a realização de aborto. "Apesar de 44% dos parceiros não terem desejado a última gravidez do casal, 89% não a repudiaram", conclui a professora. "Desde 1990, equipes da EE têm atuado na área de saúde reprodutiva dentro da comunidade". A pesquisa foi produto de uma bolsa de iniciação científica concedida pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) FAPESP, à estudante Adriana Manganiello.
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