Divulgação      O prefeito de São Paulo, José Serra.

Pelé, o presidente da Confederação Brasileira de Futebol, Ricardo Teixeira, o prefeito de São Paulo, José Serra, e o presidente da Fundação Roberto Marinho, José Roberto Marinho, lançaram segunda-feira, 7, o projeto de criação do Museu do Futebol, que vai ocupar o Pacaembu, em São Paulo. A festa, comandada pelos jornalistas Armando Nogueira e Milena Ciribelli, reuniu atletas, jornalistas, colunistas, além de outros apaixonados por futebol.

Considerado o melhor jogador de futebol do mundo, Pelé recebeu das mãos do prefeito uma estatueta que foi encontrada, por acaso no Pacaembu. Já restaurada, a imagem que mostra o jogador com o braço levantado ao comemorar um gol - pose que o eternizou - foi imediatamente doada ao acervo do Museu do Futebol. Ao longo do encontro, Armando Nogueira lembrou de lances curiosos, como quando jogadores brasileiros precisaram "roubar" as bolas dos jogos finais das duas primeiras copas vencidas pelo Brasil. Nas duas ocasiões, os árbitros aproveitaram que a seleção comemorava o campeonato e tentavam guardar a bola como lembrança.

O projeto do Museu do Futebol, que conta com a parceria da Prefeitura de São Paulo - por intermédio da Secretaria de Esportes e da São Paulo Turismo -, da Confederação Brasileira de Futebol - CBF - e da Fundação Roberto Marinho, é orçado em R$ 25 milhões e tem duração prevista para dois anos. Durante o evento, o prefeito José Serra anunciou a doação de R$ 5 milhões para a iniciativa. Ele também explicou que a prefeitura vai se responsabilizar pela demolição do tobogã - esse é o nome como ficou conhecida a arquibancada construída posteriormente no estádio.

A iniciativa vai transformar um dos mais bonitos estádios brasileiros, o Estádio Municipal Paulo Machado de Carvalho - mais conhecido como Pacaembu -, em um moderno museu. A proposta é colocar tecnologia de ponta a serviço da interatividade e provocar a emoção dos visitantes. A participação da CBF e o apoio da TV Globo vão enriquecer o acervo do Museu do Futebol com imagens antológicas que registram alguns dos momentos mais importantes da história do futebol brasileiro.

De acordo com José Serra, o Museu vai reunir "os momentos transitórios" que compõem a história do futebol, como as vitórias e até as derrotas, além dos campeonatos brasileiros e mundiais etc. Para que isso seja possível, será parte vital da proposta do museu um intercambio com outros museus dedicados ao esporte, como é o caso do museu que a CBF pretende criar no Rio de Janeiro.

O Museu do Futebol vai ser criado em uma área de 5.600 m². Boa parte desse espaço era utilizado pelo setor administrativo do Pacaembu. O estádio, um dos mais antigos do país, foi inaugurado em 1940 e é um marco da arquitetura paulistana. Com a conclusão das obras de adaptação e a criação do Museu, ele vai se tornar um dos mais modernos templos do futebol.

Para dar conta do desafio, o Museu do Futebol terá como curador Leonel Kaz. Jornalista e professor, foi o criador da Exposição Pelé, montada no Masp, em 2001. A museografia ficará a cargo da dupla Daniela Thomas e Felipe Tassara. A parceria entre a diretora de cinema e cenógrafa e o arquiteto e museólogo já rendeu bons frutos, como as exposições Picasso e Guerreiros de Xian, ambas na Oca (São Paulo). O time contará ainda com a colaboração do antropólogo Roberto Da Matta.

No Museu do Futebol, o conteúdo será trabalhado a partir de duas linhas específicas:

• o esporte - que trata da história, da técnica, dos esquemas táticos e regras, dos uniformes, da bola e da organização institucional: os clubes e federações, os campeonatos e as copas do mundo e até da medicina esportiva.

• a paixão - dedicada ao amor dos brasileiros pelo futebol, às torcidas e a momentos que arrebataram corações e que ficaram gravados nas mentes de muitos apaixonados. Esse tema vai merecer até uma galeria especial, onde será montada a melhor seleção de todos os tempos. A paixão será mostrada em vários espaços diferentes: no campo, será a celebração dos gols; nas arquibancadas, a festa das torcidas; no trabalho, as discussões sobre os times; nas mesas redondas, na televisão, no rádio e nos botequins; nos campos de várzea, a brincadeira; e em casa, diante da televisão e do rádio.

No projeto do Museu do Futebol, de autoria do arquiteto Mauro Munhoz, está prevista também a criação de um estúdio-auditório com capacidade para 200 pessoas. O local será construído para que jogadores, técnicos, juízes e jornalistas possam fazer seus depoimentos sobre o esporte. Eles serão gravados na presença do público, que poderá participar dessas gravações. O resultado fará parte do acervo do Museu. Além disso, o Museu do Futebol ainda vai ter lojas de clubes, salas de consulta multimídia e de educação, além de restaurante e café.

Em paralelo às obras de criação do Museu, a Prefeitura de São Paulo vai restaurar as fachadas do estádio e instalar uma nova iluminação. Além disso, também vai ser responsável pela revitalização da praça Charles Miller.

Quando for inaugurado, o Museu do Futebol será uma ótima opção de lazer para toda a família e promete atrair não apenas os torcedores, mas também uma parcela dos dois milhões de visitantes que vão a São Paulo a trabalho. Eles vão poder aproveitar a estadia para cultivar uma paixão que faz parte da vida da maioria da população.