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Comportamento
27/05/2004 - 07h29
Namorar, ficar, casar... Não me comprometa!
Vera Iaconelli
 

Namorar é um compromisso que envolve várias regras e combinações possíveis. Há namoros abertos onde os namorados têm muita liberdade, inclusive de "ficar" com outras pessoas, e há outros baseados na total fidelidade. Os bem liberados eram mais comuns durante a revolução sexual e os mais "fechados" dizem respeito ao que os adolescentes que namoram vivem hoje. Mesmo que a "traição" ocorra, ela não é alardeada por quem foi infiel e não costuma ser bem aceita por quem foi "traído".

Dentro deste parâmetro existem mil situações possíveis. Casais liberais podem passar por uma fase mais fechada, geralmente quando a liberdade foi "traumática". Casais mais convencionais podem fazer experiências de liberdade e gostar. Enfim, vive-se, experimenta-se, troca-se, aprende-se algo sobre relações, sobre si mesmo e sobre os outros. Todas estas experiências envolvem riscos e requerem, portanto, uma grande dose de coragem. Principalmente quando são as primeiras vivências amorosas e estão confundidas com as altas intensidades sexuais da adolescência. Discriminar desejo sexual de encantamento, de interesse, de admiração não é fácil e leva tempo.

Mas como os adultos, que servem de modelo para o adolescente (modelo do que fazer e do que não fazer), têm lidado com estas questões? Vemos uma grande dose de medo no que se refere às relações amorosas dos adultos. Os vínculos amorosos são frágeis, os comprometimentos são evitados e a busca afetiva é cada vez mais por um espelho que reflita a nós mesmos. Se o relacionamento não está a contento, não tem problema, é só descartar e adquirir um novo. No "shopping center" afetivo não faltam pessoas solitárias buscando companhia. E se a companhia, depois das primeiras semanas de empolgação se mostra um pouco mais humana, um pouco mais falível, é mais fácil buscarmos outra fonte de empolgação.

A máxima é: quero viver intensamente, com liberdade e não com compromisso. Leia-se: quero viver, mas não quero sofrer. Como sentir diz respeito a sentir tudo (de bom e de ruim), fica difícil viver os afetos. Quem não sente sofrimento fica anestesiado em sua capacidade de sentir de uma forma mais ampla. Cada separação envolve sofrimento na medida do investimento afetivo que foi feito. Diante do medo de se ferir, que afinal é bem possível, há que se caminhar com cuidado. Para isso existem os namoros. Para experimentar! Recuar, ir em frente, arriscar, temer... Este é o espaço privilegiado da experiência a dois. Antes de se pensar em envolver terceiros: filhos, familiares...

A solução que os adolescentes têm encontrado para lidar com as questões que os adultos lhes revelam é ficando. Ficar é a total falta de compromisso. É, muitas vezes, puro anonimato. É uma resposta bem original para o fracasso dos adultos em bancarem laços afetivos e seus riscos. Os pais percebem a discrepância entre a adolescência dos filhos e a deles mesmos, mas nem sempre se dão conta da fragilidade com que as relações humanas se estabelecem hoje e como é baixa a tolerância à frustração que todo relacionamento com outra pessoa impõe (afinal, nunca encontramos um outro que seja espelho do que gostaríamos de ver em nós mesmos).

Antes de nos preocuparmos tanto com as ficadas de nossos filhos, que tal pensarmos o que faremos nós neste dia emblemático que é o Dia dos Namorados?

"...a solidão é um campo muito vasto, que não se deve atravessar só." Lya Luft


Nota do Editor: Vera Iaconelli é Mestre em Psicologia pela USP e psicanalista de adultos e crianças. Há sete anos, coordena a Gerar - Escola de Pais, clínica de pesquisa e tratamento dos distúrbios precoces do bebê e da relação pais e filhos.

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