A Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), divulgada dia 19 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revela que nos últimos 30 anos caiu o consumo de alimentos "in natura" e aumentou a ingestão de produtos industrializados. Para a pesquisadora Silvana Pedroso, engenheira de alimentos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), as mudanças na alimentação do brasileiro podem, a longo prazo, ser prejudiciais à saúde. "À medida que a população passa a consumir mais alimentos supérfluos e menos cereais e raízes, isso pode estar contribuindo para o agravamento do quadro de saúde da população. Há uma tendência ao aumento da obesidade e das doenças crônico-degenerativas, como as cardiovasculares, câncer e diabetes", afirma. A pesquisa do IBGE revela que nos últimos 30 anos houve queda no consumo de arroz e feijão (46% e 37% respectivamente) e aumento do consumo de alimentos preparados (216%) e de alguns supérfluos como a água mineral (5.694%), o refrigerante de guaraná (490%) e o iogurte (702%). De acordo com a pesquisadora, o aumento na oferta de produtos processados e a melhoria do poder aquisitivo da população são fatores que podem explicar a mudança no padrão de consumo de alimentos. A mudança também está associada, segundo Silvana, ao fato de muito mais pessoas estarem comendo fora de casa, em função da praticidade que isso representa. Para a pesquisadora, a industrialização também é um fator que influi na mudança de hábitos alimentares: "Com a mudança da população rural para a zona urbana, há uma tendência a aumentar o consumo de alimentos de origem animal e processados", explicou. A Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF 2002-2003) ouviu habitantes de 44.248 municípios de 3.948 setores geográficos nas regiões metropolitanas de Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e Porto Alegre, e da zona rural de cada uma das grandes regiões do país.
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