Pipoca, chocolate ou biscoito recheado - é difícil ver uma criança espernear para comer estes alimentos. Mas quando se trata de frutas, legumes e hortaliças, os pais podem passar bons apertos até conseguir que seu filho prove a novidade. Para alcançar o objetivo, vale quase tudo - gracinhas, promessas e até ameaças e castigos. Quando uma criança não se alimenta bem, ela altera a rotina de casa e demanda maior dedicação dos pais a esta tarefa. Mas diante da falta de tempo, e do desespero para que o filho coma, a família, muitas vezes, acaba adotando hábitos que não são os mais indicados quando o assunto é nutrição. Diante disto, os berçários vêm surgindo como uma boa opção para auxiliar os pais na tarefa de ensinar aos pequeninos o hábito de se alimentar bem. Uma das grandes vantagens do berçário é a influência positiva causada pelos outros coleguinhas. Muitas vezes, a criança que rejeitava um alimento passa a experimentá-lo e então a aceitá-lo após ver que os outros colegas também estão comendo. Outro ponto importante é que muitos berçários, atualmente, têm dentro do seu quadro de funcionários, um nutricionista que prepara uma dieta balanceada. No Berçário B&B Balou Lounge, na região do Morumbi, a nutricionista Gabriela Passaretti acompanha de perto tudo o que é preparado para os pequenos. Semanalmente, ela define o que será servido, calculando a quantidade ideal de nutrientes pra cada faixa etária. "Coloco sempre uma fonte de proteína, como carnes e ovos, uma de carboidrato, como arroz, batata ou macarrão, e duas de vitaminas e minerais que se complementem. Se opto por tomate, por exemplo, que tem vitamina A, ofereço uma fruta cítrica no suco ou na sobremesa que tem vitamina C. Assim o prato fica sempre bem colorido e balanceado", explica. Fabiane Guimarães, coordenadora pedagógica do Berçário conta que a maioria das crianças dali gosta de um cardápio variado, as poucas exceções são sempre alunos que já não eram bebês quando entraram na escola e que trouxeram os maus hábitos de casa. "Quando estes hábitos errados já estão incorporados, fica mais difícil mudar. Demora um pouco mais, mas esta criança acaba aprendendo a se alimentar bem", afirma. Para começar o processo de reeducação alimentar, o primeiro passo, no Balou Lounge, é orientar os pais. "Não adianta tentarmos mudar um hábito da criança, se em casa vai continuar a mesma coisa", explica Fabiane. Ela conta que, para isto, a nutricionista e a odontopediatra da escola ficam à disposição para explicar à família a importância de uma alimentação sólida saudável que estimule a mastigação e garanta os nutrientes necessários para que o pequeno se desenvolva com muita energia e disposição. Fabiana diz que, normalmente, os problemas de má alimentação começam quando são introduzidos os alimentos sólidos, por volta de um ano de idade. É aí que a criança passa a estranhar alguns alimentos e a rejeitá-los. "Normalmente, os pais tentam uma, duas vezes, e se a criança não gosta, não oferecem mais. O que é um erro", comenta. "Mesmo que a criança não aceite a novidade da primeira vez, é importante que os pais a ofereçam novamente. Uma dica é oferecer de uma outra maneira. Se a criança não gostou da abobrinha cozida, ofereça refogada, na forma de purê, no recheio de uma torta, mas não deixe de tentar novamente. Uma hora a criança acaba aceitando", completa. Um outro erro comum dos pais é oferecer uma mamadeira para a criança que acabou de se alimentar mal. Este hábito faz com que o pequeno deixe de experimentar novos pratos e sabores porque sabe que depois vai ganhar uma mamadeira. "Já na escola, a criança sabe que tem que comer o que é oferecido na refeição", afirma Fabiane. Segundo a nutricionista da escola, muitas vezes, os pais não oferecem um cardápio variado, porque eles próprios desconhecem muitos tipos de frutas e verduras. "Como eles não conhecem, acabam não comprando e a criança não cria o habito de comer este alimento. Aqui na escola, as crianças comem jiló, quiabo, almeirão, chicória, catalônia e, às vezes, até pedem mais", conta orgulhosa.
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