Todo relacionamento, para ser saudável, necessita estar alicerçado na verdade. Não há como desfrutar de uma convivência escondendo um fato tão significativo como ser soropositivo. É uma questão de honestidade, sobretudo consigo mesmo. Num primeiro momento, pode parecer difícil, mas se a pessoa tem um parceiro onde a afetividade está presente, chegou a hora de exercitar os sentimentos mais nobres em prol do bem estar de ambos. Segundo a psicóloga Kátia Ricardi de Abreu existem casos onde o relacionamento muda em função desta situação e por incrível que pareça, pode mudar até mesmo para melhor. "Quando o relacionamento sobrevive em função apenas do sexo, a tendência é o parceiro se afastar, principalmente se não há esclarecimentos sobre as maneiras de se proteger durante a relação sexual, apesar de tantas informações veiculadas sobre isso", diz. É um momento de mudança, de re-planejamento de vida, de reavaliações. O diálogo é a arma mais potente para aproximar pessoas e desmistificar os medos e as incertezas. "Acima de tudo, penso que é o momento de se reconhecer o outro como ser humano, qualificando o que cada um tem de melhor e direcionando o afeto para a alma humana, sedenta de colo e proteção emocional", afirma. Uma psicoterapia individual ou conjugal pode ajudar muito nestas circunstâncias e nada mais apropriado do que ampliar o leque de pessoas que podem nutrir com muito amor, aqueles que passam por situações físicas e emocionais atípicas como essa. Para saber se você deve ou não contar para seu parceiro a dica é se colocar no lugar do outro. Você gostaria que seu parceiro omitisse esta informação? Inverta a situação, veja como você se sente na posição do outro. Em seguida, acredite na sua capacidade de ser amado pelo que você é na sua totalidade. "Costumo dizer para as pessoas soro positivas que elas não deixaram de ter as qualidades que elas têm por causa disso. Muito pelo contrário, podem desenvolver ainda mais a sua capacidade de amar, podem desenvolver hábitos diferentes, estilo de vida diferente e para melhor. A qualidade de vida e a qualidade nos relacionamentos interpessoais, familiares e conjugais pode ser melhor ainda diante deste fato", diz Kátia. O importante é manter acesa a chama da verdade e caminhar adiante buscando em si e nos outros os sentimentos e valores que podem aliviar os possíveis fantasmas da rejeição e do abandono numa situação como esta. A busca da informação mais detalhada possível pode assegurar a qualidade do relacionamento de tal forma que as pessoas possam viver de acordo com suas possibilidades emocionais, destituídas dos mitos que o HIV ainda pode causar.
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