Em 10 de fevereiro, comemoramos o dia do atleta profissional, conhecido também como atleta de rendimento, atleta de ponta, atleta de alta performance ou atleta de alto nível. Esse ser humano treinado para ser herói, mas que muitas vezes acaba sendo visto como vilão, faz do esporte sua profissão, respaldado pela Lei nº 9.615, sancionada em 24 de março de 1998. Para homenagear esse profissional tão admirado pelos brasileiros, faremos uma descrição “nada romântica” da vida de um atleta, uma rotina de dores, treinamento e renúncias com a qual esses heróis fantasiados de homens e mulheres convivem diariamente. Para que um atleta seja reconhecido nacional e internacionalmente, é necessário que ele chegue próximo a perfeição no esporte que pratica e, por isso, a rotina de treinamento inicia já na infância, por volta dos seis ou sete anos. Enquanto muitas crianças ditas “normais” brincam, os projetos de atletas treinam. Na fase da adolescência, momento de se divertir com os amigos em baladas que adentram a madrugada, os futuros atletas dormem cedo, exaustos após uma longa jornada de treinamento. Muitos já moram longe dos seus familiares em busca de uma oportunidade melhor na carreira esportiva e passam meses sem abraçá-los. Na fase da juventude, enquanto muitos estão curtindo em festas universitárias ou aproveitando os dias de calor na praia, os jovens e promissores atletas treinam duro nos centros de treinamento em busca do tão almejado sonho. Na vida adulta, a rotina apenas se intensifica. Cada vez mais o atleta profissional é cobrado por resultados positivos, por classificação ou por conquistas. Assim, a convivência com os familiares se restringe ainda mais, pois enquanto a maioria passa as datas comemorativas com seus entes queridos, esse profissional segue treinando em busca da perfeição, que precisa ser convertida em resultados mais expressivos para si próprio ou para o coletivo. Não estão presentes nos almoços de domingo com a família ou nas comemorações com os amigos. Sempre viajando, seja para competir ou para buscar a melhor performance, sua felicidade se resume a conquista de uma nova medalha ou troféu. Permanecem meses fora de casa entre concentração e competição e, muitos deles residem em outros países em busca de melhores estruturas físicas e salários. Para o atleta de rendimento, a rotina é basicamente constituída de muitas horas de treino, de concentrações entre uma competição e outra, de restrições alimentares e alcoólicas, de cansaço físico e mental, de pressões psicológicas dos treinadores, dos patrocinadores e das torcidas. O psicológico de uma atleta convive intensamente com a vitória e com a derrota, com o sucesso e com o fracasso, com os aplausos e com as vaias, vivendo constantemente uma montanha-russa de emoções. Assim, é muito importante que os atletas tenham suporte das equipes multidisciplinares que trabalham seu equilíbrio físico e mental. A visão romantizada e as incríveis histórias contadas nas mídias televisivas e sociais pouco refletem a realidade de dias de dores, de recuperação, de tratamentos físicos intensivos, de insegurança financeira atrelada ao sustento familiar, da renovação dos contratos com os clubes ou patrocinadores e de tantas outras situações que envolvem a vida profissional e pessoal do esportista. Mas o que faz um atleta passar por todas essas difíceis situações descritas e não desistir no meio do caminho? No relato de uma ex - atleta profissional, escritora desse texto, “com toda a certeza é a vontade de realizar sonhos: o sonho de ser convocado para atuar na seleção nacional; o sonho de ter melhores condições de vida; o sonho de fazer do esporte uma profissão; o sonho de viajar e conhecer lugares e culturas inimagináveis; o sonho de superar os próprios limites; o sonho de ter uma aposentaria confortável; o sonho da casa e do carro confortável; o sonho de ser reconhecido em seu país, o sonho”. Assim, quando tiver a oportunidade e o prazer de ver um atleta conquistando o tão almejado campeonato ou o primeiro lugar em uma competição importante, lembre-se que para chegar ao lugar mais alto do pódio houve muitas renúncias. E cabe as “pessoas normais” homenagear esses grandes profissionais, representados por homens e mulheres, batendo palmas e os parabenizando pelas escolhas e renúncias ao longo da vida em busca da realização de grandes sonhos. Nota do Editor: Marina Toscano Aggio De Pontes é ex-atleta e professora dos Cursos de Educação Física/Escola Superior de Educação.
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