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21/07/2020 - 07h10
Como devolver seu animal silvestre com segurança
 
 

Após o caso de estudante de medicina veterinária que foi picado por uma cobra naja - espécie não natural do Brasil - duas serpentes que também eram ilegais foram devolvidas de forma voluntária para o Ibama, em Brasília. Por conta da falta de antídoto para seu veneno, essas serpentes correm risco de serem sacrificadas.

Visando diminuir os riscos, tanto para humanos, quanto para o bem-estar dos animais, Mauricio Forlani, gerente de Vida Silvestre na Proteção Animal Mundial (www.protecaoanimalmundial.org.br), explica a melhor forma de entregar com segurança animais silvestres que são criados como pets.

Qual o melhor modo de entregar o animal?

Caso você crie um animal silvestre, nativo ou exótico, é possível realizar a entrega voluntária nas instituições que recebem e tratam de animais silvestres. Este processo de entrega isenta a pessoa de ação penal - caso o animal não seja legalizado.

Quem procurar?

Para realizar a entrega do animal, é preciso ligar para o Ibama (0800-618080), para o batalhão da Polícia Ambiental local ou no Centro de Manejo de Fauna Silvestre, que se dividem em Centro de Triagem de Animais Silvestres (CETAS) ou em Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS). Estes locais podem ser do Ibama, ter gestão municipal, estadual ou serem administrados por ONG local.

O que acontece com este animal após ser devolvido?

Após a entrega, este animal vai passar por uma avaliação de suas condições físicas e comportamentais, para, após este processo, ser definido o seu destino. Segundo dados dos relatórios dos CETAS do Ibama, mais de 50% dos animais que entram no centro são devolvidos à natureza.

Os perigos da soltura equivocada na natureza

A pior opção que uma pessoa pode ter é fazer a soltura por conta própria. A reabilitação de um animal que passou por um período em cativeiro é bastante complexa. Além das avaliações, é necessário um processo de reintrodução para este animal. Além do risco iminente de morte, há o perigo de gerar espécies invasoras em um ambiente (introduzir animais que não pertencem a região de soltura, causando um desequilíbrio).

Quais as penas para quem for pego com animais traficados?

Caso a polícia ambiental encontre este animal sendo mantido em cativeiro, será enquadrado na artigo 29 da lei 9.605/98 de crimes ambientais, podendo ser condenado de 6 meses a um ano de prisão, dependendo do número de animais e se estes são listados como espécies ameaçadas.

Segundo dados do relatório “Crueldade à venda”, produzido pela Proteção Animal Mundial, os animais silvestres mantidos como pets mais comuns no Brasil são passarinhos e aves canoras, seguidas por psitacídeos, como araras, papagaios e periquitos. De acordo com os dados, são mais de mais de 37 milhões de aves são criadas em domicílios brasileiros e mais de três milhões de pássaros vivem em gaiolas em mais de 400 mil criadores amadores legalizados.

Fim do comércio de animais silvestres - O comércio de animais silvestres como bichos de estimação faz parte de uma indústria que movimenta anualmente entre 7 e 23 bilhões de dólares na mercantilização em escala industrial da vida silvestre, seja para alimentação, medicina tradicional, entretenimento ou acessórios de moda. A interação entre animais silvestres e pessoas, possibilitada pelo comércio da vida silvestre, é um risco para a saúde humana, já que cerca de 70% de todas as doenças transmitidas de animais para humanos têm origem nos silvestres.

Acabar com o comércio mundial de animais silvestres é essencial para proteger a saúde humana de novas pandemias como a Covid-19 e garantir uma vida sem sofrimento para os animais. Por isso, a Proteção Animal Mundial lançou uma campanha global que pede que os líderes do G20 trabalhem para a proibição permanente do comércio de animais silvestres no mundo. Em abaixo-assinado, iniciado em maio de 2020, a organização pede que o tema seja incluído na agenda da cúpula anual do G20 que acontece em novembro próximo. Como parte do G20, o governo brasileiro tem o poder de influenciar as superpotências globais a tomarem a atitude necessária para proteger os animais, as pessoas e o planeta.

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