No Dia Internacional da Mulher também se deve discutir a libertação sexual, já que o assunto ainda é tratado como tabu; segundo o "Estudo da Vida Sexual do Brasileiro", cerca de 30% das brasileiras têm dificuldades de atingir o orgasmo
No próximo domingo, 8 de março, é o Dia Internacional da Mulher. A data marca a reivindicação por direitos iguais entre os sexos. Desde o início do século 20 existe a comemoração. São décadas de luta e até hoje a mulher batalha por liberdade, inclusive a sexual, que ganha cada vez mais espaço, mas ainda é tratada como tabu. Segundo o médico psiquiatra, sexólogo e diretor do Instituto de Estudos da Sexualidade - IES (www.clinicaies.com.br) de Ribeirão Preto (SP) e Delegado do Estado de São Paulo da Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana (SBRASH) Arnaldo Barbieri Filho, vários fatores influenciaram na liberdade sexual da mulher. “As transformações sociais alteraram a sexualidade feminina. No passado, a mulher se casava virgem e tinha receios em relação aos seus desejos e ao próprio corpo. A liberação é um avanço, pois a vida sexual é um dos principais itens de qualidade de vida da população, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS)”, observa. “A sexualidade é fundamental para a reprodução da espécie e uma das principais fontes de prazer. Mas ela, infelizmente, sempre foi alvo de inúmeros mitos e preconceitos ao longo da história, por isso é importante esclarecer e desmistificar”, alerta Filho. De acordo com Filho, na hora do sexo, diferente dos homens, as mulheres muitas vezes se excitam (lubrificam) primeiro e o desejo vem depois. “Assim, a falta de desejo feminino - por si só - não é considerada uma doença pelas classificações modernas. Além disso, a maioria das mulheres não atinge o orgasmo só com a penetração. Precisam de mais estímulos”, explica. “Por outro lado, também diferente dos homens, para que a mulher consiga reproduzir, ela não precisa se excitar e nem ter orgasmo. Porém, é extremamente desejável que tais fatos ocorram”, comenta o Filho. Dificuldades - Segundo o “Estudo da Vida Sexual do Brasileiro” realizado pela sexóloga Carmita Abdo, cerca de 30% das mulheres brasileira têm dificuldades de atingir o orgasmo. Para o DSM-5 (classificação americana de problemas emocionais), o Transtorno do Orgasmo Feminino acontece quando em 75 a 100% das atividades sexuais a mulher demora muito para atingir o orgasmo, sendo que pode nem atingi-lo, ou quando em 75 a 100% das vezes há uma marcante redução da intensidade das sensações orgásticas. Tais sintomas devem persistir por no mínimo seis meses e causarem sofrimento para ser considerado Transtorno. “As causas da falta de orgasmo podem ser psicológicas, como repressão sexual na infância, traumas sexuais ou doenças como a depressão. "Também podem ser físicas, como alterações hormonais, o uso de certos medicamentos ou doenças neurológicas. O diagnóstico correto é o primeiro passo para o sucesso do tratamento", aponta Filho. Outros transtornos que prejudicam o sexo da mulher podem ser as faltas de desejo e excitação. “No caso, a mulher tem dificuldades para ter lubrificação, ereção do clitóris e/ou desejo. Existe a Dor Gênito-Pélvica/Penetração, em que muitas mulheres sentem dores na penetração, chamada de Dispareunia. Além da contração da vagina, que dificulta ou impede a penetração, intitulada de Vaginismo”, diz Filho. Desejos - Assim como o homem, a mulher tem inúmeras fantasias que podem funcionar como um tempero para as relações sexuais ou se tornarem também Transtornos Parafílicos, quando são fontes de sofrimento ou quando são realizadas com alguém que não consentiu ou não tem capacidade de consentir. Da mesma forma que com o homem, a mulher pode ser homossexual, heterossexual, bissexual, assexual e transexual. “É importante dizer que no sexo, dentro de quatro paredes, vale tudo, desde que não seja ilegal ou que cause danos aos envolvidos. Tem de haver acordo comum”, finaliza Filho.
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