Embora o tema pareça “óbvio” até para as questões mais simples, o “bom senso”, ou a falta dele, figura em todas as cenas cotidianas, desde as profissionais, até nas relações pessoais e, em nenhuma delas, há unanimidade de entendimento. Primeiramente, é preciso definir o que seja “bom senso”, que é pautar-se na razão para ter equilíbrio nas decisões, e assim, estabelecer as ações corretas em cada situação que se apresenta ao indivíduo. Mas o que vem a ser uma ação correta ou errada? Esses conceitos são totalmente relativos, uma vez que “A Verdade”, aquela que seja única, absoluta e que se sobreponha a todas as manifestações de ideias existentes, simplesmente não é possível. O que há, são versões subjetivas ou opiniões acerca de um determinado tema. Sabemos que a espécie humana se desenvolveu das demais, em virtude de sua capacidade de raciocinar e de elaborar pensamentos. Mas, se todas as pessoas são dotadas de razão, então a grande diversidade de opiniões apenas mostra como raciocinamos e formamos os nossos pensamentos de maneiras diferentes. Mas como é que os pensamentos são formados? Como são concebidas as ideias que definirão nossos julgamentos e nossos atos? Por meio das informações e dos padrões que incorporamos ao longo de nossas vidas, que podem vir por intermédio dos nossos pais, escola, amigos, dos livros que lemos, das músicas que ouvimos, enfim, de uma infinidade de fontes. Resumidamente, tudo que aprendemos e incorporamos no decorrer da vida acaba fazendo parte das nossas capacidades racional e emocional e se transformarão em argumentos dos mais diversos que, por sua vez, definirão as ações que decidiremos seguir. Com o advento da tecnologia nas mais variadas configurações, temos disponível, de forma fácil e rápida, uma quantidade incalculável de dados, o que faz com que cada vez mais, muitas pessoas usem cada vez menos seus cérebros. As pessoas são bombardeadas de informações a todo momento e não estão conseguindo lidar nem com a relevância dos conteúdos recebidos, nem com as intromissões frequentes em sua vida cotidiana, que elas mesmas permitem. Não basta somente despejar um monte de informações em nossas mentes, se não pudermos aprender, isto é, conectá-las de maneira a facilitar a compreensão ou aprimorar e engrandecer conceitos internalizados e assim, transformar tudo isso em conhecimento. Aprender é um processo que nunca deveria se esgotar para nenhuma pessoa, porque ele é o elemento fundamental para adquirir conhecimento. Aquele que se acha satisfeito com o que sabe, em verdade, nunca bebeu da fonte do verdadeiro conhecimento. O sábio é aquele que tem a humildade de saber que quanto mais conhecimento adquire, mais toma consciência de que precisa aprender mais. Aprender, efetivamente, é libertador. É o que nos faz mudar, o que nos faz transformar, não somente a nós mesmos, seja no âmbito pessoal ou profissional, mas também a nossa ação sobre o meio no qual estamos inseridos. Cada pessoa tem sua trajetória de aprendizagem. Não há certo, nem errado, apenas caminhos que trilhamos conforme nossas vontades e conveniências. Não é necessário aprender somente através do ensino formal nas escolas, nem se restringir aos ensinamentos dados pelos nossos pais ou pelos círculos sociais dos quais fazemos parte. O mundo nos oferece uma quantidade infinita de possibilidades de informações para que possamos fazer concatenações e aprender livremente. O nosso cérebro é capaz de realizações incríveis, mas para isso é preciso exercitá-lo das mais diferentes formas, criando conexões. As pessoas deveriam encarar suas carreiras como fazem os atletas, que não treinam unicamente as suas modalidades de esporte. Seus treinos incluem outros tipos de esporte, que complementam os seus condicionamentos, para que sempre tenham um desempenho cada vez melhor. O profissional que queira se destacar no mercado, tem que ter duas habilidades muito importantes. A primeira é perceber em si suas “faltas” ou “pequenas falhas” e a outra é a de verdadeiramente desejar conectar-se com outros tipos de conhecimento, pois sem isso, não é possível qualquer trabalho de desenvolvimento. Nota do Editor: Marlene Maytorena Santucci é coach, palestrante e psicanalista. Engenheira e administradora, foi executiva na Mercedes-Benz em diversos departamentos, tem diversos cursos relacionados à Desenvolvimento Pessoal, Negociação, Projetos e Estratégia e, atualmente, é mestranda em Psicanálise.
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