O ritmo frenético das grandes cidades, o estilo de vida hiperconectado e o excesso de pressão por metas são apenas alguns dos fatores estressantes que estão adoecendo os profissionais e aumentando o número de casos de afastamentos do trabalho. Um estudo da Associação Americana de Psicologia comprovou que a geração Y é bem mais ansiosa do que as anteriores. Cerca de 12% dos profissionais dessa geração tem transtornos ligados à ansiedade. O cenário econômico e o medo do desemprego aumentam a sensação de insegurança e tornam o ambiente corporativo ainda mais propício para crises de ansiedade. Um levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgado em março de 2019, revela que a taxa de desemprego no Brasil está em 12,4%, atingindo um total de 13,1 milhões de pessoas. Os que estão desempregados sofrem com o rompimento na carreira e o medo de não retornar ao mercado de trabalho, e os que estão trabalhando sofrem alta pressão por resultados e, muitas vezes, precisam administrar rotinas exaustivas de trabalho. A ansiedade como um grande vilão Nesse cenário, onde o estilo de vida, o momento econômico e o contexto profissional apresentam tantos conflitos, a saúde mental dos profissionais está cada dia mais frágil e comprometida. Não é para menos que os afastamentos do trabalho por problemas psicológicos já estão entre as principais razões das licenças médicas. Contudo, receosos por terem a carreira prejudicada, muitos profissionais acabam evitando o afastamento, agravando ainda mais o problema. O Burnout, distúrbio que ocorre pelo esgotamento físico, mental e psíquico, infelizmente, está se tornando uma síndrome cada dia mais conhecida e recorrente entre os profissionais do mundo corporativo. Esse distúrbio foi descrito pela primeira vez pelo médico e psicólogo alemão Herbert Freudenberger (1926 - 1999), que diagnosticou a síndrome em si próprio, em 1974. Caracterizado pela fadiga extrema, desgaste emocional e físico, é comumente diagnosticado nas pessoas que vivem em um estado de tensão e estresse crônico desenvolvidos em consequência a um ambiente de trabalho nocivo. A ansiedade também é um grande agravante para casos de afastamento do trabalho. Ao contrário do que pode parecer, ela não é apenas um estado que prejudica o bem-estar do indivíduo, mas sim uma das grandes responsáveis pelo esgotamento mental. Dominado por crises ansiosas, o profissional sabota completamente sua produtividade, antecipando cenários, problemas, perdendo o foco e se submergindo nesse ciclo vicioso de nunca estar completamente presente. Como administrar a situação e os sintomas É claro que a falta de recursos emocionais para lidar com a pressão por resultados e locais de trabalho tóxicos são os grandes vilões dessa história. E, quando não há mais o que fazer, o afastamento médico surge como a única solução para ajudar esse profissional. Gerenciar as expectativas, reconhecer o problema, buscar ajuda médica e profissional para enfrentar as síndromes é o primeiro passo para administrar o problema e retornar ao trabalho de forma sadia. Portanto, não há o que temer. É claro que ninguém deseja levar a situação ao extremo. Os profissionais precisam, com frequência, aprender a reconhecer seus limites, desenvolver sua inteligência emocional para lidar com a pressão e adquirir ferramentas de comportamento e comunicação capazes de evitar o problema, antes que a saúde seja comprometida. É responsabilidade da liderança perceber a sobrecarga de trabalho que está sendo imposta à uma equipe ou indivíduo e distribuir as funções e resultados de maneira equilibrada. Muitas vezes, contratar outro funcionário para assumir as funções sobressalentes é a melhor maneira de lidar com a situação. Outro fator que é de responsabilidade da gestão é a criação de canais de relacionamento que sejam mais próximos e acolhedores para os funcionários. Assim, eles irão se sentir seguros para, com honestidade, falarem sobre seus problemas, ritmo de trabalho e conflitos com o ambiente. É claro que a conversa e as negociações sobre os fatores que são estressores no trabalho precisam acontecer antes do agravamento completo do quadro. É por isso que o colaborador tem total responsabilidade em conhecer seus limites, entender o problema e levar o assunto para a liderança assim que perceber os mínimos sinais. Muitas empresas, infelizmente, entendem o afastamento do profissional por motivos de saúde como uma perda de dinheiro e recursos. Mas, a verdade é que um colaborador que trabalha doente não está entregando seu melhor para a organização. Os profissionais também costumam entender o afastamento como um atraso em suas carreiras. No entanto, o questionamento que faço é: o “sucesso” de sua carreira vale a sua saúde? Como tratar essa questão em uma entrevista? Em um processo seletivo o assunto não precisa ser evitado, mas também não merece ser mencionado a não ser que esteja dentro do contexto da conversa. Talvez o assunto surja naturalmente e, nesse caso, seja honesto sobre o que causou o afastamento, como você buscou ajuda e tratamento. É importante mostrar para o recrutador a maneira como a situação foi gerenciada. Isso vai falar muito sobre quem você é, e sobre como você age em situações extremas. O afastamento por doença não é motivo de vergonha e não precisa ser disfarçado como sendo um período sabático. Se você se identificou com os sintomas, procure ajuda médica. Não existe glamour em viver no limite do cansaço. Sua saúde e bem-estar devem ser a prioridade da sua vida e carreira. Nota do Editor: Felippe Virardi é formado em administração de empresas, executivo com mais de 10 anos de experiência na área de marketing e vendas e headhnter na Trend Recruitment, boutique de recrutamento e seleção para marketing e vendas.
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