Manter a saúde física e mental equilibrada não depende exclusivamente de medicamentos. Estabelecer uma rotina que agregue hábitos saudáveis no dia a dia é essencial para prevenir doenças. Nesse sentido, a prática de atividades em áreas verdes e o contato com a natureza são cada vez mais indicados. É crescente o interesse científico sobre essa relação e sobre os benefícios que a natureza pode trazer para a saúde e o bem-estar. Em um dos estudos sobre o tema, pesquisadores japoneses da Universidade de Chiba enviaram um grupo de voluntários para passear em sete florestas diferentes, enquanto outro grupo andou pelos centros das cidades. As pessoas que tiveram contato com a natureza mostraram queda de 16% no cortisol (o hormônio do estresse), declínio de 2% na pressão sanguínea e queda de 4% na frequência cardíaca. A explicação dada é que nossos corpos tendem a relaxar em ambientes ao ar livre para interpretar informações da natureza, o que não acontece para a correria das grandes cidades. Outro trabalho, produzido na Austrália, mostra que pessoas que frequentam regularmente áreas verdes apresentam taxas mais baixas de depressão e pressão alta, além de apresentarem maior integração social. Os benefícios também envolvem melhora na qualidade do sono, desenvolvimento cognitivo, desempenho cardíaco e imunidade, além de reduzir a ansiedade, tensão muscular e estresse. Em áreas litorâneas, o contato com o oceano minimiza problemas respiratórios por possibilitar que as pessoas respirem com maior facilidade. Ficar ao ar livre, de preferência em local com exposição solar, também colabora com a produção de vitamina D, essencial para o funcionamento do corpo. A carência desse componente aumenta o risco de problemas cardíacos, osteoporose e doenças autoimunes. A partir dos resultados cientificamente comprovados dos benefícios que a natureza pode trazer à saúde, médicos do Hospital Infantil UCSF Benioff, na Califórnia, desenvolveram um projeto piloto que treina pediatras no ambulatório para não se limitarem a receitar medicamentos aos seus pacientes. O objetivo da instituição é incentivar visitas a parques próximos, já que o contato com a natureza é essencial para o desenvolvimento saudável das crianças. Os benefícios desses cuidados com a saúde também são visíveis na economia. Na Austrália, por exemplo, cerca R$ 34,3 bilhões são gastos por ano para cobrir os custos sociais da depressão. Na Grã-Bretanha, aproximadamente 12,5 milhões de dias de trabalho são perdidos anualmente devido ao estresse, depressão ou ansiedade. Ou seja, o incentivo ao contato com a natureza pode trazer uma economia significativa aos orçamentos da saúde pública e privada. A conexão com a natureza e áreas verdes é possível e acessível. Podemos reorganizar a nossa rotina em prol da nossa saúde. Que tal investir 20 minutos do seu dia em caminhadas, esportes ou meditação em contato com natureza? Dessa forma, você ficará exposto a elementos que afetam positivamente seu cérebro e corpo. Correr em um bosque, por exemplo, traz mais satisfação, mais prazer e menos frustração do que em lugares fechados. Cultivar plantas, seja dentro de casa ou no escritório, pode melhorar a cognição, aumentar a energia e até diminuir a dor. Estudos mostram que indivíduos que têm contato ou contemplam áreas naturais se curam mais rapidamente. Fotos de natureza também podem ajudar. Ficar longe dos grandes centros urbanos, passar um tempo contemplando ou meditando na natureza, comer de forma saudável e dormir bem certamente farão com que você se sinta descansado, renovado e de volta aos trilhos. Um estudo recente publicado no Journal of Psychosomatic Research constatou que os retiros de meditação são bastante eficazes na redução da ansiedade, depressão e estresse. É um esforço fundamental, que traz resultados significativos. Quanto mais próximo você estiver da natureza, melhor será a sua saúde e a sua qualidade de vida. Nota do Editor: Leide Takahashi é gerente de Conservação da Biodiversidade da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza e doutora em Conservação da Natureza.
|