Desejamos sempre que tudo esteja sob nosso controle, na mais “perfeita” ordem (estabelecida por nós) e temos medo das crises, do caos na nossa vida. No entanto, não nos atentamos para a importância desta fase. Os momentos ruins são oportunidades de evolução, períodos que nos obrigam a mudanças e possibilitam reflexões e crescimento. A própria teoria do caos se refere a um fenômeno de instabilidade que incide em sistemas deterministas. Esse fator de instabilidade gera alterações nesses sistemas, podendo trazer grandes consequências e o principal: desconhecidas no futuro. E como temos medo do desconhecido... Enquanto tudo está ocorrendo dentro da normalidade nos acomodamos e vamos seguindo conforme a música, evitando qualquer mudança ou atitude que perturbe a ordem, principalmente porque evitamos enfrentar o desconhecido. Somos seres acomodados e tendemos a permanecer na mesmice, a fazermos as coisas sempre do mesmo jeito, a nos nortear pelas mesmas crenças. No entanto, não percebemos que necessitamos nos reinventar constantemente, caso contrário, entramos no piloto automático, fazemos as coisas de maneira inconsciente e vamos simplesmente deixando a vida nos levar. Daí a importância do caos como fator evolutivo. Como exemplo de positividade frente ao caos, podemos citar a vida do maestro João Carlos Martins. Ele encontrou inúmeras adversidades (dezenas de cirurgias, assalto, acidente), enfrentou os mais difíceis caos em sua vida e seu poder de resiliência sempre fez com que encontrasse força para se reinventar e se levantar ainda mais forte. Vale ressaltar que resiliência (potencial para se enfrentar mudanças/adversidades) é um dos fatores mais importantes para preservação da saúde mental e do bem viver. Assim sendo, existe uma relação direta entre o envelhecimento bem sucedido e o potencial de adaptação. Finalizo o texto de hoje com uma frase do filósofo Friedrich Nietzsche: “É preciso ter um caos dentro de si para dar à luz uma estrela cintilante.” Que você deixe sua estrela brilhar, mesmo nos dias mais nublados. Namastê e até a próxima! Nota do Editor: Alessandra Cerri é sócia-diretora do Centro de Longevidade e Atualização de Piracicaba (Clap) e especialistas em educação para a terceira idade.
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