Pela fragilidade ou necessidade, os mais velhos viram presas fáceis para os golpistas que operam os mais diversos tipos de crimes. Conheça 9 golpes mais comuns
Uma dupla de rapazes uniformizados aparece em frente de uma residência e se identifica como representante de uma prestadora de serviço. Diz que há problema na fiação ou no aparelho do serviço contratado e pede para entrar. O morador inocentemente permite. Enquanto um finge mexer no aparelho o outro junto com o dono da casa verifica as instalações. “Está pronto o cenário para o golpe”, diz o advogado especialista em direitos do consumidor e fornecedor, Dori Boucault (www.doriboucault.com.br). Essa tática tem sido usada com frequência por quadrilhas e golpistas para entrar nas casas de idosos que residem sozinhos ou que passam por parte do dia em casa sem companhia. Enquanto um distrai o morador, o outro furta objetos de valor, dinheiro, entre outras coisas. “Isso se tudo correr bem, porque uma pessoa de idade sozinha com um ou mais estranhos dentro de casa, pode ser pior”, alerta Boucault, referindo-se a possibilidade de agressão ou violência. “Histórias como essa, são cada vez mais comuns, envolvendo idosos, aposentados e pessoas de boa-fé”, destaca. Quando atuou como diretor do Procon em Mogi das Cruzes, o advogado já recebia reclamações de idosos e aposentados sobre esses tipos de golpes. Hoje, com a internet, as redes sociais e os mais diversos tipos de serviços oferecidos aos consumidores em suas residências, a abordagem dos marginais aumentou. Muitos produtos e serviços facilitam a ação de quadrilhas e por essa razão as pessoas precisam estar em estado de vigilância permanente para não serem as próximas vítimas. “Infelizmente, com tecnologia a abordagem ficou maior, as pessoas acreditam em falsas notícias espalhadas pela rede e facilitam a entrada de golpistas em suas casas”, diz o advogado. Segundo Boucault, as fake news disparadas nas redes, às vezes, têm por finalidade facilitar o golpe pelas quadrilhas. “Os ataques foram reforçados pelos discursos cuja origem poucas vezes é identificada”, explica. Dos estelionatos, aplicados em lugares públicos, "passamos para os estelionatos dentro das casas, com riscos de violência”, observa Dori sobre golpes mais sofisticados e perigosos. São muitos os relatos de estelionato, roubo, furto ou assédio moral ou psicológico sofrido por idosos dentro de suas residências. Por isso, o advogado especialista em direitos do consumidor e fornecedor faz um resumo dos golpes mais comuns aplicados e que contam com a ajuda da tecnologia, da falta de informação ou pela fragilidade de quem tem um pouco mais de idade. Segundo ele, é justamente da boa-fé e da inocência dos cidadãos, pessoas de bem e crédulas que os criminosos aproveitam para praticar os golpes. “Eles conseguem facilmente tirar a atenção das pessoas. Então, é muito importante ter cautela para permitir a entrada de estranhos em nossa casa”, ressalta. Serviços de telefonia, TV a cabo, satélite, internet e assinaturas de serviços comuns como água, energia elétrica ou gás, de acordo com o advogado, são os chamarizes para as fake news e a invasão de domicílios. “As quadrilhas espalham, por meio de perfis falsos, construídos em longa data, boatos de que seus técnicos vão verificar problemas em determinada região e surge aquela dupla com roupa da empresa, dizendo que identificaram problema em tal casa. É o começo do golpe”, lembra o advogado. Para se proteger é preciso alertar aos idosos a não atenderem estranhos no portão. Quem não tem interfone instalado deve comprar um. Se não tem, o primeiro contato deve ser feito pelo vidro da janela ou grade da porta. “O morador deve perguntar nomes, motivo da visita, o número de telefone da empresa, nome do chefe imediato, deve observar o crachá, se está de uniforme, se estão com carro que possui a logomarca da empresa”, orienta Boucault. Para ele, os golpistas devem se irritar com tantos detalhes e irão embora. Por isso, o atendimento deve ser da janela protegido e longe dos desconhecidos. “Lembre-se, se tudo estiver funcionando e se você não solicitou o serviço, não abra a porta, portão ou qualquer acesso a essas pessoas”, reforça Boucault. Dentro de casa, telefone e internet são outros meios pelos quais as quadrilhas também aproveitam para abusar da fragilidade ou cuidados dos idosos. Seja enviando arquivos maliciosos para seus e-mails, afim de instalar vírus espiões nos computadores, seja construindo páginas falsas com serviços que atendem suas necessidades ou quando ligam para oferecê-los. “Dentro ou fora de casa, são muitos os golpes em que eles são vítimas”, completa Dori Boulcaut. O advogado lista abaixo os mais comuns: 1. Golpe da aposentadoria - Golpista se identifica como fiscal da Previdência e demonstrando conhecimento dos assuntos se propõe a conseguir aposentadoria para a vítima que ainda não é beneficiária. 2. Golpe do reajuste atrasado - Golpista se identifica como funcionário de algum sindicato, associação e age na saída de bancos. Procura vítimas, dizendo que elas têm direito a receber reajustes atrasados do benefício e se oferece para agilizar o processo na Previdência Social. Em ambos os golpes, o criminoso pede documentos e, para cobrir as despesas, um depósito antecipado, geralmente, 10% do valor que, segundo ele, a vítima vai receber com o suposto reajuste. 3. Golpe do cartão engolido - Golpista usa produto aderente que trava o cartão magnético do banco no caixa eletrônico. O estelionatário observa a distância a vítima digitar a senha do cartão para tentar liberá-lo. Após a vítima desistir e sair da máquina, ele retira o cartão e de posse da senha saca todo o dinheiro disponível na conta da pessoa enganada. 4. Golpe do recadastramento bancário - Golpista liga para a vítima e diz ser representante do banco no qual ela possui conta. Na conversa estimula o correntista a fazer recadastramento, digitando os números da agência, da conta, da senha. Por equipamentos capazes de identificar os sinais sonoros dos números digitados, consegue acesso a conta da vítima. 5. Golpe do funcionário do banco - Golpista se identifica como funcionário da instituição, simpático se oferece para ajudar idoso com dificuldade de operar o caixa eletrônico. Com muita conversa distrai a vítima, obtém a senha e troca o cartão verdadeiro por outro do mesmo banco. Em poucas horas saca, faz compras e gastos com o cartão. 6. Golpe do falso acidente - Golpista telefona para vítima e se passa por parente. Diz que sofreu acidente de trânsito e afirma que precisa de dinheiro para pagar o dono do carro que ele bateu. Geralmente, os idosos ficam assustados e prometem depositar dinheiro imediatamente na conta do motorista prejudicado, normalmente uma conta indicada pelo marginal. 7. Golpe do vendedor de colchão - Golpista procura sempre idoso que resida sozinho e se passa por vendedor de colchões que vão melhorar o sono, as dores nas costas, a postura, a coluna e convence a pessoa a comprar. Como é caro, oferece empréstimo para a vítima e para isso precisa dos números do benefício e de documentos. Desta forma, usa os dados para obter empréstimo real no nome da vítima, mas o dinheiro vai para as mãos do estelionatário. 8. Golpe do crédito consignado - Golpista liga para o aposentado e oferece empréstimo. Muitos aceitam porque precisam fazer tratamento, cirurgia etc., ou para pagar dívidas maiores. Geralmente, as falsas empresas mandam motoboy com um contrato para facilitar a liberação do crédito e fazer o idoso acreditar que está fazendo negócio com empresa séria, mas é golpe. 9. Golpe da assinatura (jornal, revista, TV a Cabo, Internet etc.) - Golpista se passa por vendedor de assinatura dos serviços e, por telefone, oferece assinatura gratuita, mas pede dados pessoais para confirmar informações e convence a pessoa a transmitir esses dados, que são usados, posteriormente, para obter empréstimos ou fazer compras, endividando a vítima. Dicas e orientações Contatos por telefone - Jamais forneça dados pessoais ou financeiros a desconhecidos que liguem para você. Previdência - Nunca utilize intermediários para ter acesso a serviços e benefícios previdenciários, que devem ser solicitados junto às agências oficiais. Não confie em quem promete apressar o andamento do processo ou liberar valores. Se cair no golpe, o segurado deve entrar em contato com a polícia. Anote tudo da pessoa com quem falou. Lembre-se: todos os serviços da Previdência são gratuitos, os funcionários não estão autorizados a entrar em contato com o segurado, nem visitar suas residências. Acidente com familiar - Cheque a veracidade da informação. Mantenha a calma e desligue o telefone para contatar parentes e conhecidos. O golpista pede para não desligar porque precisa criar pânico e assim a transferência ou depósito imediato do dinheiro. Ajuda em caixas eletrônicos - Só aceite ajuda de funcionários do banco, devidamente credenciados e identificados. Não aceite aproximação de desconhecidos. Se tiver dificuldades de usar o caixa eletrônico, entre na agência e faça o saque ou qualquer outra transação no caixa comum com um funcionário do banco. Evite ir ao banco sozinho ou quando a agência estiver vazia, leve sempre alguém de confiança. Se fizer saque em caixas que fiquem em supermercados, farmácias, só faça quando a loja estiver em pleno funcionamento.
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