É evidente que as mulheres ainda têm pouca participação no esporte no Brasil e no mundo, mesmo que os números tenham aumentado nas últimas décadas. Em algumas modalidades isso fica mais evidente, como é o caso do futebol. É difícil ver mulheres participando ativamente na beira dos gramados ou na gestão esportiva de grandes ou pequenos clubes de futebol, fato este explicado pela consolidação de uma cultura machista e conservadora que se alastrou em alguns “campos” sociais. Para deixar isso mais claro, vamos analisar os fatos que aconteceram na Copa do Mundo FIFA (2018): você viu ou ouviu dizer que alguma mulher estava à frente como treinadora, gestora ou supervisora de alguma equipe que disputou a competição? Se prestássemos atenção nesse pequeno detalhe, perceberíamos que infelizmente o futebol ainda é “coisa de macho”, conforme alguns jargões da linguagem brasileira. Infelizmente, em pleno século XXI a mulher teve pouco espaço no espetáculo da Copa do Mundo “dos homens” (2018). Se observássemos a fundo todas as comissões técnicas, o que poderíamos notar eram algumas mulheres agentes da FIFA trabalhando nos bastidores dos jogos. Nem árbitras de campo ou vídeo e nem bandeirinhas compunham o quadro de arbitragem da Copa do Mundo. O que nos restou foi apreciar as lindas mulheres que as mídias filmavam nos intervalos ou nos momentos de descontração dos jogos, demonstrando com clareza onde era o nosso lugar. Quando achei que tudo estava perdido, procurei por mais informações e encontrei uma luz no fim do túnel: a croata Iva Olivari, gerente do time da Croácia, seleção que não apenas impressionou com seu futebol apresentado até a final da Copa do Mundo contra a França, mas exibiu para o mundo, jogo após jogo, uma mulher no banco de reserva, sempre bem vestida com sua saia abaixo do joelho combinada com o blazer e camisa branca. Além de Iva, a equipe da Croácia levou à Rússia mais três mulheres, sendo Nika Bahtijarevic, assessora de imprensa; Helena Puskar, coordenadora de eventos, e Koraljka Petrinovic, gerente de marketing. O quadro total de mulheres da Croácia foi ainda maior, segundo a federação croata, ou seja, 28 mulheres formaram o quadro de funcionárias, contra 25 de funcionários homens. Em comparação com a seleção brasileira de futebol, dos 64 integrantes que foram à Rússia acompanhar os jogadores, apenas uma integrante era mulher, a médica Andreia Picanço, assistente de Rodrigo Lasmar (médico da seleção), que nunca apareceu nem nos bastidores dos jogos. Desta forma, como brasileira, me questiono se em algum momento teremos espaço nesse mundo esportivo genuinamente masculino ou apenas iremos viver de bastidores. Quando poderemos viver sem receios os verdadeiros direitos da Constituição Federal? Será que o tal empoderamento feminino é apenas modismo das mídias? O fato é que em 2018 não tivemos representantes femininas visíveis sentadas nos bancos de reserva, comandando as equipes na Copa do Mundo. O que resta é apenas aguardar que nas próximas competições alguma “super-heroína” surja em meio aos homens e tome posse do lugar que também é de direito das mulheres. Mas lógico, não me iludo, não falo de Brasil. Nota do Editor: Marina Aggio Toscano de Pontes, ex-jogadora da seleção brasileira de futebol e professora de Educação Física do Centro Universitário Internacional Uninter.
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