Ter um plano de carreira ainda é um objetivo que muitos profissionais buscam e esperam das organizações. Não é incomum ouvir indagação a respeito disso nos encontros com colaboradores, e sempre que me deparo com ela, me questiono sobre o que ainda não foi dito, de forma que a pergunta possa ser outra. Por que o desafio da “carreira” não vem de quem a busca? Isto é, porque “carreira” é algo esperado e não proposto por quem a deseja? É possível que isso não ocorra porque há ainda muitas pessoas e organizações que ignoram ou não se apropriaram do fato de que já vivemos em um ambiente - nas empresas, no país e no mundo - que não nos dá certezas fixas. As mudanças ocorrem sem muita - ou nenhuma - previsão, estamos muito mais interdependentes e cheios de dúvidas sobre o futuro. Enquanto delineiam o futuro do negócio - ou futuros -, apontam caminhos e direções, as empresas também devem desenhar, inspirar, promover e construir caminhos possíveis para o desenvolvimento coletivo e individual. Desenhar alternativas e munir as pessoas com informações e recursos que as suportem em suas decisões no ambiente de negócios, e dentro do conjunto de valores da organização, é o papel que cabe aos líderes, gestores e aos RHs. A área de Recursos Humanos tem papel importantíssimo nesse cenário. No lugar do desenho de carreiras preconcebidas e lineares, pode viabilizar uma estrutura flexível e modular de desenvolvimento que estimule a experimentação de papeis e assunção de responsabilidades cada vez mais abrangentes e interligadas e investir na formação de gestores capazes de construir propostas de desenvolvimento à medida que a complexidade dos negócios se altera e novos futuros se apresentam. Desenvolver uma visão de conjunto e o entendimento das relações intrincadas do sistema organizacional, do negócio, do mercado e do mundo, saber fazer leituras, simular cenários interdependentes, planejar e executar com visão de projeto, focar com ouvidos atentos e olhar aberto, comunicar-se e negociar alternativas etc. são competências que todos devemos buscar para estarmos prontos para as oportunidades. Assim, entendo plano de carreira como uma trilha de possibilidades, a qual quando decido percorrê-la devo estar relativamente pronto e aberto, pois surpresas e imprevistos virão, dificuldades surgirão, encontros acontecerão, insights, ideias e novas demandas surgirão para modificar o rumo exigindo firmeza e flexibilidade ao mesmo tempo. O que importa para não nos perdermos é ter o foco em mente e em mãos próprias. Nota do Editor: Valéria Motta é diretora de RH da Hughes no Brasil, empresa líder mundial em telecomunicações via satélite, com 50 anos de atuação no País.
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