As mudanças sociais e educacionais que surgiram com o desenvolvimento da ciência e da tecnologia, promoveram o aparecimento de novos questionamentos sobre os valores éticos e morais. Aparentemente, estes se tornam cada dia mais fragilizados, mais permeáveis, devido principalmente ao excesso de informações que chegam e em tal velocidade e quantidade, que não permitem a sua devida elaboração mental e emocional. Essa enxurrada de novidades pode, se mal administrada, desvalorizar os fatos e banalizar suas interpretações e conseqüências reais: tudo não passa de mais uma experiência, de mais um acontecimento a ser "assistido", como acontece no mundo digital. Conseqüentemente, a orientação da família e da escola aos jovens, assim como valores pessoais e sociais podem facilmente tornar-se retrógrados e inaceitáveis, de um momento para o outro. Desde seu nascimento, para adaptar-se à sociedade, a criança precisa adotar os elementos e valores socioculturais de seu meio ambiente e os integrar à sua personalidade. Precisa aprender a diferenciar o que é ou não aceito como norma de conduta. Por exemplo, espera-se que as crianças não roubem, não agridam, que cooperem e saibam repartir. Há teorias que afirmam que a socialização é aprendida através da imitação de bons exemplos, mas hoje acreditamos que seja necessário mais do que isso, pois parece claro que as variações de ordem cognitiva e perceptual são indispensáveis para a devida compreensão das regras e dos valores éticos socialmente adequados a cada situação. Assim também, sabe-se que a socialização não é concluída na infância, mas vai sendo burilada à medida que o ser humano cresce e vivencia experiências novas que lhe exigem elaborações e comportamentos adequados ao momento. É fundamental que a família e a escola acompanhem esse crescimento, que além de físico, é emocional e social, especialmente no mundo onde a Internet implantou uma nova noção de tempo e de satisfação das necessidades de cada um. Cabe hoje, mais do nunca, aos pais e à escola buscarem atualizações constantes, procurando profissionais e informações que lhes forneçam meios eficazes de intervir e orientar adequadamente na socialização e na educação das crianças. Além disso, a atenção a cada etapa de desenvolvimento infantil e a supervisão nas vivências diárias dos filhos, os capacita a agirem prontamente frente às novas situações que podem surgir. Nota do Editor: Maria Irene Maluf é pedagoga especialista em Psicopedagogia, presidente Nacional da Associação Brasileira de Psicopedagogia e editora da revista Psicopedagogia.
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