Quanto custa? Quanto você tem hoje? Quanto você tenderá a ter financeiramente se continuar recebendo o que recebe e gastando o que gasta em três anos? Quanto do seu ganho já está enforcado pelos gastos fixos mensais? Quanto determinada compra é necessária? Em que medida determinada compra, realmente, lhe trará prazer e por quanto tempo? De todas essas perguntas, a última talvez seja a menos pensada no dia a dia. A classe média não fica sem dinheiro por comprar o necessário, mas sim o desnecessário e a promessa de um prazer que costuma ser falso. Quanto tempo de prazer um carro traz, por quanto tempo e quanta dedicação e economia serão exigidas para pagá-lo? Em que medida é necessário um casal com dois filhos ir de um apartamento de 90 m² para um de 180 m²? Quanto um carro de R$ 150 mil é melhor do que um de R$ 60 mil? No que um telefone celular de R$ 700 é essencialmente diferente de um de R$ 3500? A vida financeira de muitas pessoas mudou nos últimos três anos, mas pouco foi em termos de saúde, alimentação necessária e nível acadêmico de escola. Boa parte do prejuízo foi relacionado aos prazeres desnecessariamente caros, embora, infelizmente, alguns tiveram uma real piora na educação, saúde e alimentação. Viver com menos tem sido uma realidade para muitos brasileiros. Alguns têm aproveitado para aprender que é possível viver bem, apesar disso. Vejo pessoas sofrendo com o fato de que não conseguiram trocar o carro, viajar para um lugar caro, comprar uma roupa mais cara ou nova, beber vinhos caros como antes (o que me doeu foi ter que parar de fumar charuto cubano) e sair para comer fora de casa. Sugestões simples para lidar com a crise: aprenda a cozinhar o que você gosta de comer; entenda que tem época para colher e outra para adubar, semear e cuidar; observe quanto o que você quer comprar é apenas um capricho ou uma real necessidade; olhe para momentos felizes do seu passado, observe o que os tornava assim e analise o que tornava determinado momento tão bom, perguntado quanto de dinheiro estava envolvido; para cada compra, pergunte-se: qual o nível de prazer de 0-10? Por quanto tempo? E quanto de vida você precisará usar para pagar essa coisa?; qual a real diferença entre um carro novo e o seu ou entre a sua bolsa e uma nova?; que tal ir mais ao "Bom Retiro" (bairro de São Paulo em que várias lojas de shopping compram roupas e colocam suas etiquetas) aos sábados e menos em shoppings para comprar as mesmas roupas e variações?; além de procurar lugares mais baratos para comida, queijos e, no meu caso, vinhos também. Nota do Editor: Bayard Galvão (www.institutobayardgalvao.com.br) é psicólogo clínico formado pela PUC-SP, hipnoterapeuta e palestrante. Especialista em Psicoterapia Breve, Hipnoterapia e Psiconcologia, Bayard é autor de cinco livros, criador do conceito de Hipnoterapia Educativa e Presidente do Instituto Milton H. Erickson de São Paulo. Ministra palestras, treinamentos e atendimentos individuais utilizando esses conceitos.
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