A cerimônia foi realizada na tarde desta quinta-feira na Marina da Glória, no Rio
| Hector Echebaster | | | | Momento em que o Brasil 1 toca o mar pela primeira vez. |
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O Brasil 1, o primeiro barco nacional a participar da Volvo Ocean Race, a mais tradicional regata de volta ao mundo, já está no mar. Ele foi batizado na tarde desta quinta-feira, na Marina da Glória, no Rio de Janeiro e um guindaste transportou a embarcação de 70 pés (21,5 metros) e mais de 13 toneladas de terra firme para o píer. Ingrid Schmidt Grael, mãe do comandante Torben Grael, foi a madrinha e quebrou o espumante na proa do veleiro, em solenidade que contou com a participação de todos os tripulantes e muitas autoridades. O ministro Luiz Fernando Furlan, da Indústria, Desenvolvimento e Comércio Exterior, representou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no evento, que contou ainda com o ministro do Esporte, Agnelo Queiroz, a governadora do Rio de Janeiro, Rosinha Garotinho, de secretários estaduais e representantes de entidades públicas, esportivas e militares. "O batismo é uma festa muito especial, ainda mais o do Brasil 1, que é um grande projeto do esporte brasileiro. Tivemos muito trabalho desde o início de sua construção e, com certeza, teremos muito mais a partir de agora, com os primeiros testes na água e as primeiras velejadas", comentou o comandante Torben Grael. O barco deve fazer os primeiros testes na próxima semana, depois dos ajustes nos equipamentos hidráulicos. "As primeiras velejadas serão na Baía da Guanabara. No início de julho iremos para a Semana de Vela de Ilhabela participar da regata Alcatrazes por Boreste e depois na Volta da Ilha. Optamos por um barco conservador no ponto de vista técnico. Acho que ele nos dará a regularidade almejada", lembrou o velejador. "Esse projeto é um verdadeiro desafio, que começou com a sua viabilização financeira, com a construção do barco no Brasil, com a preparação e com a competição." Alan Adler, diretor do projeto Brasil 1, também fez questão de comemorar o sucesso da iniciativa. "O Brasil entrou no seleto grupo de países com tecnologia para construir veleiros de primeiro mundo. O Brasil 1 é uma embarcação única e só com garra, ousadia e teimosia para poder realizá-lo. Nós somos o país do futebol, mas também da vela, que nos dá alegrias a cada quatro anos, a cada olimpíada." Emoção - Ingrid Grael ficou emocionada com a oportunidade de batizar o barco mais moderno já construído no país, que velejará mais de 57 mil quilômetros na competição. "Fiquei muito feliz com a escolha. É uma grande honra ser madrinha de um barco do porte do Brasil 1", comentou Ingrid Grael, logo após desembarcar no píer da Marina da Glória, vinda de Niterói, onde mora. "Vim no barco do Axel por comodidade e rapidez. Sou acostumada a velejar desde criança." A família Grael, aliás, comemorou o batismo no próprio barco na viagem de volta a Niterói. "Cerveja gelada e comida escandinava não faltam a bordo", diz a mãe de Torben e Lars, que diz com orgulho ser dona de sete medalhas olímpicas. "Ninguém no Brasil tem tantas medalhas olímpicas quanto eu, nem mesmo o Torben que tem cinco", brinca Ingrid, que participou da cerimônia vestida toda de branco a pedido do filho supercampeão. "Ele é bastante supersticioso e eu vim de branco para dar sorte ao barco e ao projeto de regata de volta ao mundo." Para o ministro do Esporte, Agnelo Queiroz, o Brasil 1 é a prova da maturidade e da competência do país. "Conseguir realizar um projeto desse tamanho, que exige tanta tecnologia e dinheiro, mostra que o esporte brasileiro e o país atingiram a maturidade. É uma prova que o país tem competência para organizar grandes eventos e desenvolver grandes projetos." Não só os brasileiros estão orgulhosos da iniciativa. A navegadora australiana Adrienne Cahalan é um exemplo. Única mulher inscrita até agora na edição 2005/2006 da Volvo Ocean Race, ela destaca o sentimento nacionalista que a embarcação desperta. "O Brasil 1 é um dos projetos mais desafiadores que já encontrei. Ele supera a visão estreita de sempre precisar chegar na frente. Ele envolve muito mais. Um sentimento nacionalista, não apenas um projeto comercial. É um barco do Brasil e não apenas de seus patrocinadores ou da equipe." Comandada por Torben Grael, a equipe conta com os brasileiros Marcelo Ferreira, Kiko Pellicano, João Signorini, André Fonseca e o reserva Eduardo Penido, a australiana Adrienne Cahalan, o espanhol Roberto Chuny Bermudez, os neozelandeses Stuart Wilson e Andy Meiklejohn e norueguês Knut Frostad. A Volvo Ocean Race terá oito meses e os competidores navegarão por 31.250 milhas náuticas, mais de 57 mil quilômetros. A regata começa em 5 de novembro, com uma prova local em Sanxenxo, na Espanha. A primeira perna terá largada em Vigo, também Espanha, no dia 12 de novembro. A regata de volta ao mundo passa ainda por Cidade do Cabo (África do Sul), Melbourne (Austrália), Wellington (Nova Zelândia), Rio de Janeiro (Brasil), Baltimore, Annapolis e Nova York (Estados Unidos), Portsmouth (Inglaterra), Roterdã (Holanda) e Gotemburgo (Suécia).
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