A escritora asiática Rokeya Sakhawat Hossain (1880 – 1932) entendia que o empenho para que todas as meninas acedessem a educação seria passo indispensável para a emancipação das mulheres. Com tal propósito escreveu textos no formato de ensaios, publicados em jornais, sendo que a sua obra mais importante foi “O Sonho da Sultana”. Em alguns momentos, explica a pesquisadora do universo feminino Alice Schuch, tocadas pela leitura de obras biográficas que vão de Dalila a Cleópatra e tantas outras, cujas vidas foram prematuramente ceifadas poderíamos fantasiar que, perdedoras na existência histórica, se realizaram em um plano superior místico. “Questionamos, porém: por que permaneceram mantendo e alimentando modelos não vencedores para si? Mulheres inteligentes, belas e cultas, como se justifica terem postergado ações vitais? Qual é o escopo de postergar?”. Na estratégia de algumas vidas observa-se pegadas de ações que impedem o nascimento da arte perfeita. Ao contrário, a mulher do Século XXI demonstra raro talento e uma contagiante vontade de viver, detesta apegos, é descolada, gosta de renovar usos, alimenta predileções, é antenada. “Sabe que hoje somos livres e nos convém vencer, que o importante é empreendermos aqui e agora as nossas lutas e não lutas e guerras de outros que nos são indiferentes, que não tem coincidência, projetos de histórias alheias”, diz Alice. Viver bem é uma escolha, uma atitude diante da vida e tem uma só passagem: evoluir sempre e não pretender mudar os outros. Atitude tem a ver com valorização pessoal, com o desejo, a vontade de fazer o máximo com aquilo que se tem. Colher, se possui inteligência e capacidade, o poder da existência, viver de modo alto e elegante a própria feminilidade, a própria personalidade. O além se constrói ao transformar a existência histórica em obra original, interativa e em constante movimento. É o sujeito o artífice do seu fazer-se, do seu viver como celebração do excelente. “O ´Sonho da Sultana´ de Rokeya, relato imaginário sobre um lugar ideal no qual as mulheres detém o controle sobre a própria vida, torna-se possibilidade real para nós no Século XXI”, completa Alice Schuch.
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