Nunca houve tanta liberdade para se falar sobre sexo, assim como para praticá-lo. Entretanto, observa-se por pesquisas na área de sexualidade e pelo dia a dia dos consultórios médicos e de psicologia, uma falência sexual como nunca se teve notícia na história. Não é apenas a crise política e econômica que abala os brasileiros. No sexo as coisas vão de mal a pior. Segundo as psicólogas e especialistas em terapia de casal, Denise Miranda de Figueiredo e Marina Simas de Lima, fundadoras do Instituto do Casal, a crise sexual não tem gênero, pois atinge casais hétero e homossexuais. “Nós realizamos uma pesquisa no final do ano passado sobre satisfação conjugal e descobrimos que mais da metade dos casais está insatisfeita com a vida sexual. Esse dado corroborou nossa percepção de que há uma crise sexual em andamento. A lição de casa é entender o que está afetando a libido para oferecer estratégias de resolução”, afirma Denise. “As razões para a perda do desejo no sexo são diversas e complexas. Entretanto, dois fatores têm sido mais frequentes: a hiperconectividade e a crise econômica que o Brasil passa. A hiperconectividade, ou seja, estar conectado em excesso com o mundo exterior, principalmente por meio das tecnologias, como celulares e computadores, afeta diretamente o modo como nos relacionamos, tanto no casamento, como fora dele. É um paradoxo: ficamos desconectados de quem está perto, para nos conectarmos com quem está longe”, explica Denise. Soma-se a essa hiperconectividade o cansaço, o estresse, as preocupações com o trabalho e com as finanças. A crise econômica que afeta o país também é responsável pela crise sexual. Afinal, quem consegue pensar em sexo quando não tem emprego ou não consegue pagar as contas no final do mês? “Quando a vida funcional está instável, naturalmente ela atrapalha a vida sexual. A falta de dinheiro para pagar contas e o corte de atividades importantes para o casal, como viagens, por exemplo, pode alterar o funcionamento da vida a dois. Claro que se há cumplicidade e intimidade, há chance de superação dos momentos difíceis”, explica Marina. Programar o sexo pode ser uma solução? As pessoas têm a ideia de que o sexo tem que acontecer, tem que ser natural, quando na verdade ele pode e deve ser programado. Esquisito? Nem um pouco. Quando você namora, por exemplo, você se organiza para sair e planeja o sexo, seja na hora de escolher a lingerie, comprar preservativos, se arrumar, tomar banho etc. “Por que não fazer isso no casamento também?”, indagam as especialistas. Para as terapeutas, o sexo espontâneo, aquele dos filmes, é um mito! “Sexo no casamento requer investimento e precisa, acima de tudo, de conexão. E se estamos conectados com o mundo exterior, ou seja, com as contas, o trabalho e o celular, como vamos nos conectar com o (a) parceiro (a)?”. A solução para a falta de desejo, segundo as psicólogas, é muito simples: programar o sexo. Pode até soar estranho, mas é um conselho que pode ajudar muito a despertar a libido. É uma maneira de se preparar emocionalmente para o sexo, um momento de conexão entre o casal. “Claro que é preciso descartar causas orgânicas e outros diagnósticos. Se a pessoa não tem nenhum problema físico, nenhum transtorno psiquiátrico, como depressão e ansiedade, por exemplo, programar o sexo pode ser um bom remédio para a falta de desejo”, concluem as psicólogas.
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