Por ocasião do Dia Internacional da Mulher, cabe refletir sobre a queda do Brasil, desde o início da crise econômica, em 2014, no ranking do Fórum Econômico Mundial sobre a desigualdade de gêneros. Em dois anos, o País perdeu 23 posições, despencando para o 85º lugar, dentre 145 nações. É nossa classificação mais baixa na série histórica, iniciada em 2006. As conquistas relativas ao empoderamento feminino, embora marcantes e apesar de todos os avanços obtidos, ainda não estão incorporadas de modo consistente na nossa sociedade e no universo corporativo. Empresas que mantêm essa cultura de diversidade de gêneros entre suas posições de liderança conseguem melhorar sua rentabilidade em até 15%. É o que revela um estudo realizado para o Peterson Institute for International Economics com 22 mil empresas, em 91 países. Esse aumento foi relacionado a situações nas quais as empresas têm 30% de mulheres distribuídas em cargos de liderança, como CEOs, executivas e gestoras. No âmbito da mobilização para que a igualdade de gêneros prospere e se consolide no Brasil e no mundo, há casos de sucesso de mulheres empreendedoras e executivas, que podem inspirar não só as trabalhadoras, mas toda a sociedade. Conhecida internacionalmente, Sheryl Sandberg, COO do Facebook, é uma referência que incentiva mulheres no setor de tecnologia, principalmente por meio de seu livro, “Faça Acontecer”, encorajando–as a alcançarem seus objetivos de carreira, com foco e priorização. Um exemplo nacional nesse sentido é Luiza Trajano, da Magazine Luiza, que lidera uma das maiores redes varejistas do País. Sua visão empresarial é visionária, como atesta o centro produtor de tecnologia e inovação da empresa. O êxito das mulheres que ocupam posições de liderança em territórios corporativos, como o tecnológico, tradicionalmente dominados pelos homens, demonstra o imenso potencial da população feminina brasileira para reverter nossa constrangedora classificação no ranking mundial da desigualdade de gêneros. Isso é necessário para que o nosso país progrida e tenha cada vez mais mulheres em posições de liderança, agregando novas visões e experiências ao mercado de trabalho. Esse é modelo que tem se mostrado muito bem–sucedido em outros países, como Islândia e Noruega. Esse esforço é importante para revertermos a crise e seus efeitos de exclusão socioeconômica, como está ocorrendo com as mulheres brasileiras desde 2014 e, principalmente, para prevenirmos a ocorrência de novos períodos de recessão. O empoderamento feminino não depende apenas de um movimento assertivo no ambiente empresarial e do talento de nossas empresárias e executivas. Passa, também, pela melhoria da qualidade das escolas públicas. É nas salas de aula das redes municipais e estaduais da Educação Infantil, do Ensino Fundamental e do Médio que deve começar o atendimento ao princípio democrático da igualdade de oportunidades. Nota do Editor: Alessandra Giner é diretora de operações do Pagar.me, empresa de tecnologia Provedora de Serviços de Pagamentos.
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