Além dos prejuízos à audição, o hábito é considerado infração grave pelo Contran
Uma das grandes companheiras dos motoristas no trânsito é a música. Ajuda a relaxar e a fazer o tempo passar mais rápido nos congestionamentos. Mas a música que a gente ouve no carro vira um problema quando o volume do som é alto demais. E o som, que deveria servir de fuga ao estresse diário se torna um perigo, podendo acarretar danos irreversíveis à audição. Isso ocorre porque o alto volume em ambientes fechados, como nos carros, fica concentrado, não se propaga. E, acima de 85 decibéis, o mal se agrava, causando danos às células ciliadas do ouvido e aos nervos internos da orelha, ao longo do tempo. Quanto mais repetimos esse hábito, pior. A perda de audição é cumulativa. Pode não se manifestar imediatamente, mas seus efeitos serão sentidos mais tarde. Pesquisas apontam que a exposição ao som alto todos os dias, durante apenas uma hora, ao longo de cinco anos, já pode causar perda auditiva de grau leve. “O som entra pelo conduto auditivo até chegar à cóclea, onde ficam as células ciliadas do ouvido, que são os receptores sensoriais do sistema auditivo. Com a exposição intensa a altos volumes sonoros as células vão morrendo e, como não são regeneradas pelo organismo, a audição vai diminuindo de forma lenta, mas progressiva. É o que se denomina Perda Auditiva Induzida por Nível de Pressão Sonora Elevada (PAINPSE). Ela é irreversível e pode se agravar ao longo dos anos”, explica a fonoaudióloga Isabela Carvalho, da Telex Soluções Auditivas. O volume do som dentro de um carro pode facilmente chegar a 100 decibéis. Além da música alta, é preciso levar em conta os barulhos provenientes do trânsito e da rua e as conversas dentro do carro. Tudo isso somado é bastante prejudicial à saúde auditiva. “Quanto mais alto o volume do som, maior é a pressão sonora em ambientes fechados. Mas quem gosta de música não precisa perder o hábito de ouvi-la ao volante. Basta manter o volume dentro do limite seguro, de até 85 decibéis. Para saber se a altura do som está dentro do indicado o motorista precisa conseguir ouvir o que os outros passageiros falam, inclusive no banco de trás, além de escutar bem os barulhos externos ao veículo”, orienta a fonoaudióloga. Outro fator que agrava o hábito de ouvir música alta dentro o carro é que a prática é considerada infração grave, segundo o Conselho Nacional de Trânsito (Contran). Além de prejudicial à saúde, o som em excesso atrapalha e incomoda os demais motoristas e pedestres, e ainda perturba o trabalho em escolas, hospitais, empresas e demais atividades urbanas. Desde outubro deste ano a multa pode ser aplicada quando o motorista é flagrado com o som do carro audível do lado externo do veículo, independentemente do volume ou frequência, perturbando o sossego público. Os motoristas estão sujeitos à perda de cinco pontos na carteira e à multa de R$ 127,69. “A medida do Contran vem em boa hora, pois ajuda a preservar a saúde auditiva dos condutores e da população em geral. Essa exposição prolongada ao som alto, por anos seguidos, pode levar à perda auditiva cada vez mais severa, de acordo com a sensibilidade de cada um. É aconselhável que o indivíduo que se expõe a sons muito altos com frequência consulte um médico otorrinolaringologista uma vez ao ano para avaliar se já há perda auditiva e como tratá-la”, orienta Isabela Carvalho, especialista em audiologia. Se você tem a sensação de pressão ou ouvido tampado, dores de cabeça, zumbido ou tem dificuldades para escutar e entender o que as pessoas falam, você já pode estar com algum grau de perda auditiva. Nesse caso um especialista poderá, por meio de um exame chamado audiometria, medir o quão comprometida está a sua audição e qual o tratamento indicado. A solução, em muitos casos, é o uso de aparelhos auditivos. Portanto, previna-se do barulho em excesso sempre que possível. Coloque o volume do som do carro dentro do recomendável. A sua saúde auditiva – e o seu bolso – estarão preservados, bem como a boa convivência com os demais cidadãos nas ruas da cidade.
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